Os cuidadores com que me vou cruzando têm um objetivo comum: ajudar os mais pequenos a lidarem melhor com as suas emoções. Mas, serão só as crianças que precisam de ser guiadas para crescerem com as suas emoções?
Vamos pensar… Se os pais não conseguem falar, compreender, lidar com as suas emoções, como vão os seus filhos ser capazes de o fazer? A forma como os adultos reconhecem e lidam com as suas próprias emoções, bem como respondem às necessidades emocionais dos seus filhos, influencia, através das suas reações, o seu comportamento e a resposta às orientações dadas e como as crianças percebem, expressam e gerem as suas próprias emoções. Porquê? Porque as crianças aprendem observando. Percebem como os adultos se comportam, o que dizem e como reagem no dia a dia e imitam-nos. Vamos compreender! Muitas vezes, os cuidadores dos meus meninos e meninas relatam ter dificuldade em conversar com eles sobre como correu o seu dia, saber como se estão a sentir. À pergunta “Como correu o dia?” apenas recebem como resposta “Correu bem…” ou “Foi normal”. Eu costumo devolver uma outra pergunta: “E o/a pai/mãe costuma falar sobre como correu o seu dia? Costuma dizer como se sente?”. E, quase sempre, a resposta é “Não”. Então, vamos relembrar… Se os adultos são o exemplo das crianças e não falam sobre como correu o seu dia, sobre como se sentiram, como vão os mais pequenos fazê-lo? Se os pais não estão conscientes das suas emoções ou as evitam, escondem-nas, também não irão conseguir apoiar as suas crianças emocionalmente e manter uma boa relação com elas. Porquê? Porque também sabemos que quando essa relação é mais distante ou insegura, a criança pode crescer com dificuldades para lidar com os seus sentimentos, muitas vezes evitando ou escondendo o que sente. E, quando isto acontece, os cuidadores também podem ter mais dificuldade em reagir com empatia à tristeza, raiva ou medo que os mais novos sentem. Querem ajudar as crianças a identificarem, compreenderem e gerirem as suas emoções saudavelmente? Então, o primeiro passo é fazerem isso também! Comecem por dar nome ao que sentem! Quando estão atentos às vossas emoções, quando as tentam entender e conseguem lidar com elas, estão também a ajudar as vossas crianças a fazer o mesmo. Isto fortalece o vosso vínculo, e ainda permite que os mais pequenos explorem o Mundo com mais segurança, aprendam a lidar melhor com os seus sentimentos e desenvolvam capacidades importantes como a empatia, o autocontrolo, a autonomia e a resiliência. Por fim, deixo-vos um desafio: partilhem com a vossa criança um momento em que se sentiram alegres ou felizes por algo que ela fez ou disse. Lembrem-se: vocês sentem, os vossos filhos sentem, todos sentimos! Juntos pela saúde mental de todos nós, Gabriela Santana Comments are closed.
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