O Impacto das Dificuldades Financeiras na Saúde Mental
A realidade financeira de muitas pessoas e famílias é difícil. Durante as festas, a vontade de proporcionar momentos especiais aos outros pode levar a gastos excessivos, enquanto a sensação de que se "deve" gastar para estar à altura das expectativas sociais aumenta. Concebidas culturalmente, reforçadas constantemente pelos (social) media traficantes de ideais de consumo imoderado, a dificuldade em corresponder a estas expectativas pode gerar sentimentos como stress, frustração e insatisfação, que, muitas vezes, acabam por se refletir na saúde mental. Num novelo de compras e troca de mil e um presentes, surge também a comparação com os outros: “O meu presente não é tão bom quanto o do meu amigo”, “Será que vou conseguir dar uma festa tão bonita quanto a de outros?”. Esta constante comparação pode levar a sentimentos de inadequação e à inflação da ansiedade, com preços elevados na autoestima. A insegurança financeira, por sua vez, pode gerar medo de não conseguir pagar as contas ou de entrar no próximo ano com dívidas. Dicas para manter o orçamento sob controlo e a mente tranquila Felizmente, é possível atravessar esta época festiva de forma mais tranquila, sem comprometer a carteira nem a saúde mental. Aqui estão algumas dicas para viver a época festiva com mais equilíbrio e menos inquietação: 1. Planear com Antecedência É comum entrar no shopping para fazer as compras de Natal com pouco tempo para tomar decisões e sem um plano bem delineado, o que pode ser uma tarefa perigosa. Planear os gastos de Natal com alguma antecedência pode ser uma estratégia útil para impedir decisões impulsivas, evitar surpresas e permitir distribuir melhor os custos ao longo do mês. Ao ter um plano e um orçamento concreto para presentes, alimentação e outros gastos festivos, é possível poupar no bolo de custos natalícios e na paz de espírito pessoal. 2. Definir limites e procurar alternativas mais acessíveis para os presentes Estabelecer prioridades no momento de incorrer em gastos natalícios e definir um valor máximo razoável e ajustado às possibilidades contribui para evitar o stress financeiro. Para além disso, usar a criatividade para oferecer alternativas mais acessíveis pode tornar esta missão mais divertida, íntima e significante. Um presente feito à mão (como uma peça de cerâmica decorativa, uma vela personalizada, um albúm de fotos, uma refeição caseira), um artigo em segunda-mão (como um livro, um jogo, um disco Vinil) ou uma experiência juntos acaba por ser uma oferta original, única e bem mais acessível do que um item comprado. O importante é o gesto, não o preço. 3. Evitar Comparações O Natal muitas vezes alimenta uma cultura de consumo excessivo e competição. Tendemos, muitas das vezes, a comparar o incomparável através do que vemos ao nosso redor e do que nos é mostrado, principalmente nas redes sociais. Por esse motivo, é importante relembrar que cada pessoa tem uma realidade financeira diferente, e que nem sempre aquilo que vemos online corresponde à realidade. Tendencialmente optamos por mostrar apenas a melhor parte dessa realidade, que está longe de ser perfeita. Substituir o tempo dedicado às redes sociais por momentos de qualidade passados na vida real pode ajudar a abafar a pressão da “perfeição” e a necessidade de gastar poupanças na esperança de a alcançar. 4. Cuidar da saúde mental Quase uma “obrigação”, os centros comerciais podem-se tornar um refúgio emocional para muitos que, durante as festas, tentam escapar a sentimentos de tristeza, solidão, ansiedade e depressão. Reconhecer estes “gastos emocionais” (que se tornam verdadeiros ladrões de bens materiais e psicológicos) é crucial para os poder travar e substituir por atividades e momentos promotores de bem-estar mental a longo prazo. Substitui o shopping por uma caminhada ao ar livre, atividades de pintura, leitura, escrita, meditação, ou apenas descanso. Dizer "não" a compromissos ou eventos emocionalmente esgotantes também é uma forma de preservar a saúde mental. Em caso de emoções intensas de difícil gestão, importa procurar ajuda profissional. 5. Focar no real significado das festas Lembrar o que realmente importa, não só durante esta época, mas nos 365 dias do calendário: estar junto de quem amamos, celebrar a vida e a união. O valor emocional de momentos partilhados supera qualquer presente material. Ao focar neste lado das festas, existirá menor suscetibilidade à pressão do consumismo e ao stress financeiro. Conclusão As festas podem ser um momento de celebração, mas também de desafios financeiros e emocionais subjugadores. Ser realista, criativo, ajustar as expectativas e procurar apoio é essencial para atravessar esta época de uma forma mais suave e salvaguardar o nosso bem-estar. Acima de tudo, é importante sermos gentis connosco mesmos e aceitar os nossos sentimentos, sem pressões externas para sermos "felizes" ou "festivos" pois, acima de tudo, a vida não se resume a uma data, a um presente ou a uma festa. Zela pela tua saúde mental e, se necessário, procura ajuda. Ajuda profissional gratuita: -Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24- Ligue 808 24 24 24 -Preciso de Ajuda - ManifestaMente Boas Festas Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Bárbara Gomes Referências: -Ordem dos Psicólogos. opp_natalesaudepsicologica.pdf -Eduardo Oliveira, NiT. “Gastos emocionais”: como o stress do Natal destrói a nossa saúde mental – NiT -Eu Sinto.Me. Natal e Saúde Psicológica - Eu Sinto-me -IPAM-Porto (2022). Compras de Natal. mserv1 Os comentários estão fechados.
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