Sabe-se que na comunidade LGBTQIA+ a probabilidade de uma pessoa cometer suicídio é cerca de sete vezes maior comparativamente à população em geral. Aspetos relacionados com a dinâmica familiar são de extrema importância e desempenham um papel decisivo para a prevenção de comportamentos autolesivos. A ausência de suporte e a rejeição parental, a sujeição à discriminação e preconceito, são situações que agravam a vivência da sexualidade deste grupo. Até ao momento de pedir ajuda, estas pessoas já tiveram de ultrapassar, muitas vezes sozinhas, várias barreiras difíceis de transpor.
Sabemos também que a população negra é, também, considerada um grupo de risco na esfera suicidária. O racismo causa impactos terríveis que afetam significativamente a saúde mental e psicossocial, causando disparidades sociais que originam sentimentos de stress, ansiedade e depressão nesta população. No caso dos jovens negros, há ainda um risco maior, uma vez que estão na fase de construir a sua identidade e constroem-na a partir da perceção de que ser negro é ser inferior, causando a sensação de não pertença. A rejeição, discriminação e racismo são fatores de risco determinantes para o suicídio, segundo as entidades de saúde. Além disto, podemos também referir a influência das condições socioeconómicas na saúde mental. Os estudos demonstram que a saúde mental depende de variados fatores, mas as condições socioeconómicas são um fator preponderante, uma vez que influenciam as escolhas da população na adoção de comportamentos pró-saúde. De facto, a ausência de recursos financeiros, a instabilidade laboral e o desemprego agravam fatores como o estigma, a vergonha, a discriminação e a exclusão social deste grupo. Esta população, que vive inevitavelmente com níveis de satisfação baixos em relação à sua vida no geral, tende a ter níveis mais elevados de ansiedade e depressão. Sabemos que a pobreza é uma condição e que pode ser eliminada, mas que pode levar a um espaço mental desafiante, uma vez que as pessoas nesta situação dependem dos seus rendimentos para darem resposta às suas necessidades mais básicas, como comer e ter um espaço digno para viver, logo, a tomada de decisão pode ficar limitada e a probabilidade de tomar decisões “piores” aumenta, estando também aqui associada a adoção de comportamentos criminais e de risco. Falar sobre suicídio é complexo, mas necessário. É um mito considerar que falar neste assunto encoraja a atos suicidários. É necessário sensibilizar a população em geral para falar sobre este tema e perceber que, por vezes, uma palavra ou ato no momento certo pode fazer toda a diferença. Para que possamos fazer todos o nosso papel, é necessário também que as entidades responsáveis criem condições favoráveis e iniciativas de combate ao suicídio. O Dia da Prevenção do Suicídio assinala-se a 10 de setembro. Este ano, utiliza a tua voz para sensibilizar para este tema tão importante e catastrófico! Se precisas de ajuda: -Página Manifestamente (Links úteis): Preciso de ajuda Ajuda Urgente -Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS 24 -Linhas de Apoio e Prevenção do Suicídio (todas garantem o anonimato): o SOS Voz Amiga o Linha verde gratuita o Conversa amiga o Vozes amigas de esperança de Portugal o Voz de apoio o Telefone da amizade Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Isabel Oliveira Referências: -Correia, M. (2018). “Comportamentos da Esfera Suicidária em Jovens Adultos LGBT: O Papel da Família”. Dissertação de Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica. Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. -Ordem dos Psicólogos Portugueses (2020). Crise Económica, Pobreza e Desigualdades – Relatório sobre Impacto Socioeconómico e Saúde Mental em Portugal. Lisboa. -Santos, José Carlos (2023). “Suicídio: “Nos jovens temos comportamentos autolesivos com uma taxa cada vez mais elevada, cada vez mais casos”.” Jornal Expresso (Podcast: Que voz é esta?). -Pitacho, L. (2024). “Suicídio - um tema tabu que mata centenas de pessoas por ano em Portugal”. Jornal Observador. -Figueiredo, P. (2019). “Índice de suicídio entre jovens e adolescentes negros cresce e é 45% maior do que entre brancos”. Jornal Globo – Ciência e Saúde. -Ricou, M. (2023). "Catastrófico" e "difícil de antecipar": três pessoas suicidam-se em Portugal todos os dias”. SIC Noticias. Comments are closed.
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