Reconhecer que algo se passa connosco e que não é uma “fraqueza” ou “falta de esforço” pode ser exigente. É necessário praticar a auto empatia, para que o processo de conexão consigo próprio, reconhecendo e acolhendo as próprias emoções e necessidades de forma gentil e sem julgamento, facilite o pedido de ajuda.
Um dos sinais mais comuns de algo pode não estar bem são as mudanças repentinas ou prolongadas no humor. Sentimentos de tristeza persistente, irritabilidade, ou a sensação de vazio podem indicar que algo está errado. O sono é um dos estados de recuperação mais importantes para a saúde mental e, por isso, muitas vezes afetado. Ficar sem sono ou ter sono a mais são reações ao stress ou a fatores que impactam negativamente a saúde mental. Apesar de socialmente normalizarmos o dormir mal, este é um sinal muito importante de que a sua saúde mental está a precisar de ser cuidada. O mesmo acontece com o apetite. Apetite excessivo ou diminuição do apetite podem representar estratégias desajustadas de lidar com o stress ou sintomas de doença física ou mental. Os dados do estudo “Estado de Saúde geral da população portuguesa”, realizado este ano pela Marktest, demonstram que mais de 40% da população portuguesa relatou sentir-se stressada ou muito stressada regularmente e o isolamento social promove o aumento destes números. A necessidade de se afastar de amigos e familiares pode ser uma tentativa de evitar situações que causam ansiedade ou desconforto. Outro sinal de alerta significativo é a perda de interesse em atividades que antes traziam prazer. No mesmo contexto, uma pessoa pode sentir dificuldade em concentrar-se em tarefas simples ou em lembrar-se de coisas rotineiras. O cansaço mental, a sobrecarga emocional e algumas doenças mentais podem manifestar-se, prejudicando a memória e a atenção. Mas as alterações na saúde mental nem sempre se manifestam exclusivamente no plano emocional. Sintomas físicos, como dores de cabeça persistentes, problemas digestivos ou dor muscular, sem causa aparente, podem ser sinais de stress ou ansiedade. Todas estas alterações são, habitualmente, graduais e subtis, o que dificulta a sua identificação e aceitação. A auto-empatia desempenha um importante papel, por facilitar o reconhecimento dos próprios limites, acolher as suas emoções e procurar apoio quando necessário. A empatia é frequentemente discutida no contexto das nossas relações com os outros, mas é igualmente crucial aplicá-la a nós mesmos. A investigação tem demonstrado que, quanto mais cedo for a intervenção, maior a probabilidade de sucesso e, claro, menor o tempo que vive mal-estar mental. Reconhecer que é válido sentir-se vulnerável é um ato de autocuidado. Ao praticar empatia consigo mesmo e reconhecer essas mudanças sem culpa ou vergonha, torna-se possível procurar ajuda e, mais importante, cuidar da sua saúde mental de forma proativa. Muitas vezes carregamos a ideia de que “devemos ser fortes”, mas “ser forte” é reconhecer que também sentimos, também ficamos magoados, também podemos estar a precisar de cuidado. Ver também: -Sinais de alerta: será que os consigo identificar quando não é comigo? Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Rita Ferreira Referências: -https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/opp_implementarestrategiasdeautocuidado.pdf -https://self-compassion.org/wp-content/uploads/publications/JRPbrief.pdf -https://www.researchgate.net/publication/356717663_The_Relationships_of_Self Compassion_and_Stress_Among_Emerging_Adults_Experiencing_Early_Adult_Crisis -https://www.stada.com/media/7354/stada_factsheet_mental_health_en.pdf -https://www.medicare.pt/mais-saude/prevencao/habitos-saude-portugueses-estudo-medicare-marktest-2024 Comments are closed.
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