Importância da autoestima e impacto na saúde mental Muitas vezes, falamos de autoestima como algo que se tem ou não se tem... Oxalá fosse tão simples, não é? A autoestima é construída desde cedo e varia consoante experiências e acontecimentos que vão esculpindo a nossa autoimagem (como nos vemos) e o nosso autoconceito (como nos percebemos num todo e em relação ao mundo exterior). A autoestima é, de facto, um componente fundamental da nossa saúde mental e bem-estar emocional. Se nos julgarmos desadequados(as), inferiores, fracos(as) ou não merecedores(as), iremos viver de acordo com estas crenças. Por exemplo, podemo-nos hiperfixar naquilo que pensamos ser os nossos traços negativos, culparmo-nos pelo que acontece a cada momento e ser incapazes de aceitar os nossos erros e viver com eles de forma saudável. Podemos ainda correr o risco de mais facilmente deixarmos que os outros guiem o nosso caminho, tomando decisões por nós e ditando o nosso percurso à sua maneira, enquanto nos autocriticamos e nos deixamos “levar pela maré”. Esta incapacidade de lidar com os desafios da vida e viver constantemente num estado depreciativo connosco mesmos/as torna-se um risco de desenvolvimento de problemas de saúde mental, podendo levar a quadros clínicos de ansiedade, depressão e e perturbações do comportamento alimentar, bem como ao isolamento social. Desafios da era tecnológica: A glória das redes sociais e a ilusão da perfeição Num mundo cada vez mais rápido, digitalizado e globalizado, com tendências que nascem tão depressa como morrem, é fácil sentirmo-nos cada vez mais desligados de nós próprios(as), do nosso “eu”, e compararmo-nos constantemente às imagens retocadas e às realidades irreais que nos tentam vender, para influenciar o modo como nos queremos ver, sentir e apresentar na esfera pessoal, profissional e social. A falta de valorização da diversidade, aliada à padronização da beleza e do sucesso, faz-nos querer ser iguais a outros e encaixar em certos modelos de perfeição irrazoáveis e até perigosos. A pele impecável, o corpo esculpido, o estilo de vida luxuoso... Tudo isto aparece no nosso feed diariamente, criando a ilusão de que, para nos aceitarmos e sermos aceites, para nos valorizarmos e termos valor, para nos amarmos e sermos amados(as), temos de nos encaixar num certo tipo de corpo, de atitude, fazer certas atividades no nosso tempo livre, viajar para certos sítios, vestir-nos e arranjar-nos de uma certa forma, ter um certo tipo de casa, trabalho... Tudo isto pode parecer inofensivo no nosso dia a dia, afinal já se tornou algo tão “banal” que talvez já nem dêmos conta. No entanto, o peso das comparações na autoestima e, consequentemente, na saúde mental, pode ser desastroso, se não ganharmos consciência dos seus efeitos prejudiciais, tentarmos desmitificar certos padrões e favorecermos uma cultura de aceitação e valorização do nosso “eu”, único, real e humano. Como proteger e promover a autoestima? Reduzir o tempo de ecrã e filtrar o conteúdo - Estabelecendo limites diários ou simplesmente substituindo o uso excessivo dos dispositivos tecnológicos (e das redes sociais) por atividades offline ao longo do dia. Dar preferência ao consumo de conteúdo e ao contacto digital que fomente a diversidade e a autoaceitação. Investir no autocuidado - Dizer não ao “self-care” exclusivamente focado noconsumismo e na utilização de bens materiais numa tentativa de promover o bem-estar, mas sim dedicar tempo a atividades que realmente valorizamos e nos fazem sentir bem. Pode ajudar pensar no “eu” mais novo: “o que gostava de fazer quando era mais novo(a)?, “o que me fazia sentir bem comigo(a) próprio(a)?” e adaptar essas atividades para as voltar a realizar com mais frequência no dia a dia. Cultivar relações reais e de apoio - Conectando-nos com pessoas que nos fazem sentir bem e que valorizam quem somos, e não apenas uma parte superficial nossa (como a aparência ou o estilo de vida), bem como pessoas com as quais podemos partilhar e expressar as nossas emoções, contando com o seu apoio. Praticar a autocompaixão - Sermos gentis connosco mesmos(as) aquando do surgimento de pensamentos destrutivos, autocríticos e depreciativos, da mesma forma como faríamos com os(as) nossos(as) amigos(as). Colocar frequentemente a questão: “o que diria a alguém quem gosto, se partilhasse comigo pensamentos sobre si próprio(a) como os que estou a ter agora?”. Reflexão e autoconsciência - Tomar consciência sobre hábitos autodestrutivos que podem estar a afetar a nossa autoestima - como sermos demasiado exigentes connosco próprios(as), colocando expectativas utópicas em nós mesmos(as) e nas nossas rotinas, procurando a perfeição e rejeitando o erro. Identificando estes pensamentos e sentimentos torna-se mais fácil reformulá-los de forma positiva e realista. Escutar a intuição e questionar as escolhas que fazemos é essencial para garantir que estamos a tomar decisões por nós e não pelos outros. Ajuda psicológica - Procurar acompanhamento psicológico pode ser umaferramenta poderosa para trabalhar a autoestima, permitindo explorar ecompreender pensamentos, sentimentos e comportamentos num ambiente seguro e acolhedor. Gentileza e empatia: de nós para os outros A forma como tratamos os outros também influencia a saúde mental coletiva. Um comentário negativo ou ignorante pode destruir a autoestima de alguém. Por isso, pratiquemos a empatia e sejamos gentis com os outros como gostaríamos que fossem connosco, pois todos nós, por muito confiantes que aparentemos ser, enfrentamos desafios invisíveis e o peso das palavras é significativo. Zelem pela vossa saúde mental, sejam vocês próprios(as) e encorajem os outros a fazer o mesmo! Se está a sofrer ou conhece alguém que está em sofrimento psicológico, contacte o Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24 - 808 24 24 24 - ou veja os outros recursos disponíveis: Juntos pela saúde mental de todos nós, Bárbara Gomes Referências: - Eu Sinto.Me - Body shaming, Redes Sociais, Verão e Autoestima? - Como construir autoestima - A Importância da Autoestima e Autoimagem para o Bem-Estar Emocional - Autoimagem do adolescente: sinais de alarme e como ajudar. - Autoimagem, Autoconceito e Autoestima: Qual a diferença entre Autoimagem, Autoconceito e Autoestima? Comments are closed.
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