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Na adolescência, surgem muitas perguntas sobre quem somos, o que sentimos e como nos relacionamos com os outros – a descoberta da sexualidade e da identidade de género faz parte desse processo. Para algumas pessoas, esta descoberta acontece de forma simples e natural, mas, para outras pode ser confusa e repleta de dúvidas. Não existe um “caminho certo” nem um “tempo certo” para entender a própria identidade – cada pessoa tem o seu ritmo e está tudo bem em não ter todas as respostas logo de início.
A sexualidade não se resume apenas à atração por outras pessoas, é no fundo a relação que estabelecemos com o nosso corpo e o corpo do outro. Está ligada a como percebemos e expressamos sentimentos e desejos e também como estabelecemos relações. É possível, em algum momento, sentirmos que gostamos de alguém do mesmo género, do género oposto ou de ambos, ou até perceber que a nossa atração não segue exatamente os padrões normativos que a sociedade estabelece. Tudo isso é válido. O mais importante é darmos tempo para compreender os nossos sentimentos sem a pressão de encaixar numa categoria específica. Falando sobre a identidade de género, esta diz respeito à forma como nos identificamos internamente – se nos sentimos confortável com o género que nos foi atribuído ao nascer ou se percebemos que esse género não reflete quem realmente somos. Algumas pessoas sentem-se alinhadas com o género que lhes foi atribuído (pessoas cis), enquanto outras podem identificar-se com o género oposto (pessoas trans) ou não se identificarem com as categorias binárias de masculino e feminino (pessoas não-binárias). Nestas situações, é importante perguntar por que pronome (masculino, feminino ou neutro) a pessoa prefere ser tratada. Se sentes confusão sobre o teu género, lembra-te de que não há pressa nem uma única forma certa de explorar essa parte da tua identidade. Conversar com pessoas de confiança, profissionais de saúde, ou procurar informação fidedigna (temos sugestões de recursos para saber mais e para pensar e sentir) pode ajudar-te a encontrar o que faz sentido para ti.
O mais importante nesta jornada é saber que ninguém está sozinho e lembrarmo-nos de que não estamos sozinhos. Há muitas pessoas a passar pelo mesmo e comunidades onde podemos encontrar apoio. Infelizmente, nem sempre o mundo está preparado para aceitar todas as identidades e orientações, e podem surgir momentos em que sentimos julgamento ou incompreensão. Nessas alturas, rodeia-te de pessoas que te respeitam e procuram compreender-te. O respeito começa dentro de ti – nunca te sintas mal por seres quem és.
Estou a descobrir a minha sexualidade e identidade. E agora?
É completamente ok termos dúvidas sobre a nossa orientação e/ou identidade sexual e não há um prazo certo para percebermos quem somos – se ainda estivermos a explorar, está tudo bem.
Quando isso acontece, pode ajudar:
O mais importante é que não há "certo" ou "errado" nisto – cada pessoa tem o seu próprio caminho. Seja qual for a tua identidade ou orientação, tu tens valor e mereces respeito. Tenho uma pessoa amiga que está a descobrir a sua sexualidade e identidade. O que devo fazer?
Se uma pessoa amiga nos conta algo tão pessoal como esta sua viagem de descoberta, significa que confia em nós. O melhor que podemos fazer é ouvir sem julgar, apoiar sem pressionar e respeitar o que esta pessoa partilha connosco. Não assumas nada – deixa que seja a própria pessoa a contar-te o que sente e como se identifica. Pequenos gestos, como usar os pronomes corretos ou defender essa pessoa quando necessário, fazem toda a diferença para ajudar esta pessoa a sentir-se apoiada e valorizada por nós.
Nunca tinha pensado nisto…
Se não nos identificamos com estas questões ou nunca sentimos necessidade de refletir sobre elas, também temos um papel fundamental: o de respeitar os outros. Muitas pessoas ainda são discriminadas simplesmente por serem quem são, e pequenas atitudes de empatia podem fazer toda a diferença. Ouvir sem julgar, apoiar amigos que estejam em processo de descoberta e não alimentar piadas ou comentários discriminatórios são formas simples de tornar o mundo mais seguro para todos. Afinal, todos temos direito a viver sem medo de sermos quem realmente somos.
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