Bullying existe e eu vejo-o todos os dias

O bullying é um comportamento agressivo e repetido que tem como objetivo humilhar, intimidar ou magoar outra pessoa. Pode acontecer de várias formas: insultos, gozos, exclusão social, espalhar boatos, ameaças ou até agressões físicas. O bullying parte frequentemente de um comportamento discriminatório contra alguém que se destaca do grupo por alguma razão.

Com a internet, o bullying também acontece online, sendo chamado de cyberbullying. Acontece através, por exemplo, do envio de mensagens ofensivas, da partilha de fotos ou outra informação pessoal sem consentimento ou de comentários cruéis nas redes sociais.

É frequente amigos ou colegas discutirem e, por vezes fazerem ou dizerem coisas desagradáveis uns aos outros. Apesar de poder ser uma situação muito perturbadora, não é necessariamente uma situação de bullying. Trata-se de bullying quando estamos perante comportamentos intencionalmente agressivos, que acontecem repetidamente.

O bullying não acontece por acaso nem é apenas uma questão de maldade gratuita. Habitualmente, há causas mais profundas por trás deste tipo de comportamento: muitas vezes, o bullying surge da necessidade de poder e controlo. Quem intimida os outros pode estar à procura de se sentir superior e de afirmar o seu estatuto entre os colegas, humilhando ou rebaixando quem considera mais vulnerável. Em muitos casos, esta necessidade de afirmação esconde inseguranças, uma baixa autoestima ou contextos sócio-familiares complicados, levando algumas pessoas a projetar nos outros os seus próprios medos e dificuldades e a descarregar neles frustrações. Às vezes alguém que é o agressor num contexto, pode estar a ser o alvo de bullying noutro contexto e vice-versa. Além disso, a falta de empatia e de educação para a diversidade contribui para que certos comportamentos discriminatórios se tornem “normais” dentro de determinados grupos. A falta de consequências para estas atitudes também pode ser um problema. Quando não se denuncia ou não há medidas eficazes para travar comportamentos agressivos, as pessoas agressoras sentem que podem continuar sem qualquer repercussão, o que reforça e intensifica o seu comportamento.

Ainda assim, é essencial lembrar que nenhuma destas razões justifica o bullying: o bullying é errado e ninguém merece ser alvo de bullying. Compreender as suas causas ajuda a criar estratégias para o combater, mas não o torna aceitável. O bullying tem um impacto real na vida das vítimas, podendo levar a  isolamento, ansiedade, tristeza e, em casos mais graves, depressão. Seja como alvo, testemunha ou até como alguém que já participou ou foi responsável pela intimidação, é sempre possível mudar e todos temos a responsabilidade de construir um ambiente mais seguro e inclusivo. Por isso, é essencial saber como agir, quer sejas alvo, quer presencies uma situação de bullying.

O bullying não é uma característica de personalidade. É um comportamento que podemos escolher mudar. E também não é só um fenómeno entre vítimas e agressores, também há testemunhas envolvidas que podem influenciar o desfecho dos acontecimentos, pela positiva ou pela negativa:

• as/os seguidoras/es: são as pessoas que acompanham o agressor, muitas vezes por medo de se tornarem vítimas. Habitualmente não participam diretamente nos atos agressivos, mas incentivam-nos.
• os/as apoiantes: são pessoas que não acompanham os agressores habitualmente, nem são próximos dele, mas mantêm uma posição de incentivo ao agressor quando assistem a situações de bullying.
• as/os observadoras/es: são as pessoas que evitam ativamente o envolvimento em qualquer situação de bullying, com medo de virem a tornar-se vítimas. Podem ter pena da vítima ou sentir culpa, e ter vergonha por não intervir ou denunciar.
  
• os/as defensores/as: são as pessoas que não concordam com o bullying e a situação da vítima, e têm a capacidade de intervir, manifestar o seu desagrado com a situação de agressão, e podem ser capazes de proteger a vítima e retirá-la do perigo.

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Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.