A misoginia é o ódio, preconceito ou desprezo por mulheres e meninas. A misoginia pode manifestar-se de várias formas, como exclusão social, discriminação e objectificação sexual, hostilidade, depreciação e violência contra as mulheres e ainda ideias de privilégio masculino. A exclusão social e discriminação das mulheres tem estado presente ao longo da História, na maioria das culturas. A título de exemplo, podemos referir que em Portugal, apenas após a revolução do 25 de Abril de 1974 é que as mulheres puderam exercer o seu direito de voto em iguais circunstâncias aos homens. Atualmente, em Portugal, ainda existem diferenças importantes entre sexos, no que diz respeito ao acesso e às igualdades no mercado de trabalho, por exemplo. Noutras culturas do mundo, profundamente religiosas, como nas sociedades islâmicas radicais, a mulher é proibida de participar no espaço público, de aceder à educação superior, de votar ou mesmo em alguns casos extremos, de andar na rua com o cabelo à vista ou de cara destapada. Nos últimos 15 anos, no mundo digital, tem surgido uma comunidade composta exclusivamente por rapazes e homens (“manosfera”), unidos na crença fundamental de que as mulheres são inferiores aos homens e devem ser suas subordinadas. As mulheres são frequentemente descritas de forma depreciativa, como sendo inerentemente ilógicas, egoístas, gananciosas e manipuladoras e estas atribuições são usadas para justificar comportamentos de assédio, controlo coercivo e comportamentos discriminatórios. Vários influencers desta comunidade sugerem que as mulheres pertencem “à cozinha” e devem manter-se ao serviço dos seus parceiros masculinos. Outros fazem campanha para restringir o direito ao voto apenas aos homens ou ainda defendem explicitamente a violência contra mulheres. Estas comunidades têm cada vez mais um componente político e frequentemente apoiam políticos de extrema-direita. Alguns emojis são usados como referência a esta visão extrema de política de género, como o comprimido vermelho (💊), dinamite (💥) ou 100% (💯). Até recentemente, este movimento era um problema escondido. Embora alguns influencers tenham ganho grande notoriedade, muitos outros não interagem com os canais de notícias tradicionais. Estes conteúdos surgem em redes sociais, como Reddit, TikTok e YouTube. São desenhados algoritmos para privilegiar opiniões controversas e reforçar a oferta de conteúdos já consumidos, combinados com sistemas para bloquear comentários desfavoráveis, o que pode criar bolhas de eco, nas quais os indivíduos são expostos a uma visão de mundo cada vez mais homogénea e polarizada. Às vezes, apresentar uma baixa autoestima, estar com dificuldades nas relações com os outros e sem a orientação adequada, pode ter-se a expectativa de encontrar nestes grupos o acolhimento que não se encontra noutros contextos na vida offline, com consequências devastadoras. Ler tambémCyberbullying existe e eu vejo-o todos os dias Sou alvo de cyberbullying. O que devo fazer? O que é que as redes sociais me estão a fazer? Orientações para usar o digital sem me passar! Como proteger a minha saúde mental nas redes sociais? Como falar de redes sociais e internet com uma pessoa adulta? Discriminação existe e eu vejo-a todos os dias Bullying existe e eu vejo-o todos os dias Estou a ser alvo de bullying. O que posso fazer? O que é isto de diversidade e Saúde Mental Quem sou eu e qual é o meu lugar no mundo? A minha saúde mental: Manter, melhorar, prevenir Isto é normal? Quais são os sinais de alerta em relação à minha saúde mental? Como pedir ajuda? Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.
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