Orientações para usar o digital sem me passar!

As plataformas digitais fazem parte da nossa vida e vieram para ficar. Mas assim como antes de conduzirmos temos que tirar a carta de condução, convém ter atenção a algumas particularidades do mundo digital para podermos navegar online de forma segura. É fundamental conhecer os riscos e perigos, e também algumas formas de os minimizar ou evitar.

Orientações gerais

Cada pessoa é única e tem especificidades e necessidades próprias. Assim, de um modo geral, existem algumas recomendações para a utilização responsável de ecrãs:
Ter consciência de como usamos os  ecrãs (tablets, computadores, smartphones, consolas de jogos e televisão): quanto tempo, onde estás a usar, e quais os conteúdos que consomes. Estás a usar ecrãs tanto tempo que mal tens tempo para as outras coisas importantes? Estás a usar ecrãs em todo o lado, mesmo em situações em que podias estar a conversar com outras pessoas ou a fazer outras coisas? Estás a ver conteúdos que não te acrescentam nada nem são particularmente interessantes? Se respondeste SIM a qualquer uma destas questões, então é um sinal de que precisas diminuir o teu tempo de ecrã. Se passas mais de três horas por dia em frente a um ecrã, então está na hora de diminuir os ecrãs mesmo.

Desligar ecrãs não utilizados: Se a televisão não está a ser utilizada, desliga-a. O barulho de fundo gera estímulos desnecessários e pode interferir com as interações sociais, impedindo que surjam conversas ou outras atividades.

Garantir que temos tempo livre sem ecrãs: Privilegia tempo sem ecrãs e desafia os/as amigos/as ou a família a fazer uma atividade em conjunto.

Criar espaços livres de ecrãs: Idealmente não deves usar ecrãs no quarto e nos espaços de refeição.

Proteger o sono: Deves evitar usar dispositivos ou ecrãs 1 hora antes de dormir, para melhorares as hipóteses de dormires bem.

Usar ecrãs na escola só se necessário: Utilizar ecrãs na escola, em particular durante as aulas, deve apenas acontecer se servir um propósito educativo claro e previamente definido, caso contrário pode prejudicar a aprendizagem e a concentração.

Idade

No que diz respeito à idade de início do uso de redes sociais, a maioria das redes sociais impõe um limite mínimo de idade de 13 anos. Alguns países têm adotado medidas mais rigorosas no que diz respeito ao limite mínimo de idade. A Austrália aprovou uma lei que impede menores de 16 anos de criarem perfis em redes sociais. A China restringe o acesso de menores desde 2021, exigindo a identificação através de um documento de identidade. Os menores de 14 anos não podem passar mais de 40 minutos por dia no Douyin, a versão chinesa do TikTok, e o tempo de jogo online para crianças e adolescentes é limitado. Em Portugal não existem disposições legais ou recomendações oficiais quanto à idade mínima de início de utilização de redes sociais.

Se achas que já tens maturidade para estar nas redes sociais, mas os teus pais ou cuidadores/as ainda não deixam, experimenta estudar as precauções de segurança que deves adoptar (detalhes em baixo), e conversar com os teus pais ou cuidadores/as para perceberes o que os está a preocupar - pode ser que consigam encontrar uma solução que deixe todas as partes satisfeitas. Temos sugestões para a conversa aqui.

Tempo de ecrã

Alguns estudos dizem que é importante tempos limite claros nos canais usados e tempo despendido nos ecrãs: tablets, computadores, smartphones, consolas de jogos e televisão.

As recomendações para o tempo de ecrã diário, com supervisão, nos adolescentes é de 2 a 3 horas, no máximo. Em qualquer idade, incluindo os adultos, os ecrãs não devem ser utilizados durante as refeições e pelo menos 1 hora antes de dormir.

De acordo com a “The Goldilocks Hypothesis”, o uso de tecnologia em níveis moderados não é intrinsecamente prejudicial e pode até ser vantajoso. Segundo esta teoria, considera-se que o “uso excessivo” das tecnologias digitais está presente quando interfere com o aproveitamento escolar, com as atividades extracurriculares ou outras atividades sociais, mas acredita-se também que o uso reduzido das mesmas possa privar as/os jovens de informações sociais importantes e de atividades de grupo.

De um modo geral, recomenda-se que não ultrapassem 2 horas de ecrã por dia, a fim de garantir algum equilíbrio entre a vida online e offline.

Medidas de segurança

Deixamos aqui 5 dicas para melhorar a segurança da nossa atividade online, que são válidas para jovens e para adultos:

1. Controlar a nossa privacidade: devemos informarmo-nos sobre as configurações que estão ativadas no perfil de cada uma das nossas redes sociais, e corrigir o necessário para proteger a nossa privacidade. Temos de saber quem vê e o que vê!

2. Quem vê caras não vê corações: não devemos adicionar todas as pessoas que nos enviam um pedido de amizade. Conhecemos? Queremos estar ligados/as a essa pessoa? Essa pessoa pode prejudicar-nos, agora ou até no futuro? Por outro lado, sabemos que há muitos perfis falsos nas redes sociais, e criminosos que tentam chegar aos jovens fingindo que são pessoas diferentes - se adicionarmos alguém que não conhecemos, é essencial redobrar cuidados.

3. Pensar antes de postar: é importante lembrarmo-nos de quem vê o nosso perfil, mas como também é simples copiar conteúdos e passá-los a terceiros. A internet não esquece! Tudo pode ser recuperado, e provavelmente nos piores momentos. Não devemos postar fotos ou mensagens que nos possam prejudicar ou prejudicar outra pessoa, seja agora ou no futuro. Mesmo se só partilhemos com pessoas de confiança por mensagem privada, qualquer telemóvel pode ser alvo de hacking, roubo, ou deixarmos de confiar nessa pessoa – a partir do momento em que partilhamos as nossas imagens e informações, estas saem do nosso controlo.

4. Não partilhar informações pessoais: não partilhamos o nosso nome completo, morada, número de telefone, nome da escola, localização, passwords, etc, nem em posts públicos, nem em mensagens privadas. Não controlamos quem vai ler e ver tudo o que publicamos. É importante também não partilhar fotos onde essa informação possa ser identificada.

5. Por último, aproveitar a vida: aproveitarmos a vida online e não nos esquecermos da vida offline também!

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Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.