Orientações geraisÉ consensual a necessidade de garantir a segurança na utilização das tecnologias digitais, em particular das redes sociais. Cada caso é um caso e a maturidade e contexto de cada jovem podem ditar especificidades próprias. Contudo, de uma forma geral, podemos dizer que a segurança online traduz-se em várias dimensões: idade de início de utilização, tempo de ecrã diário, condições da sua utilização e outras características particulares da utilização. Cada jovem e cada família são únicos e têm especificidades e necessidades próprias. De um modo geral, existem algumas recomendações universais para a utilização responsável de ecrãs em casa/família:
IdadeNo que diz respeito à idade de início do uso de redes sociais, a maioria das redes sociais impõe um limite mínimo de idade de 13 anos. O Instagram afirma fornecer experiências adequadas à faixa etária da pessoa no caso desta se tratar de um/a adolescente entre 13 e 17 anos, nomeadamente a conta é privada por defeito, o contato indesejado de adultos desconhecidos é impedido e as opções de veiculação de anúncios usadas por anunciantes são restritas. Contudo, é difícil garantir a execução desta imposição, sendo comum as/os jovens mentirem sobre a sua idade quando criam o seu perfil na rede social. Alguns países têm adotado medidas mais rigorosas no que diz respeito ao limite mínimo de idade. A Austrália aprovou uma lei que impede menores de 16 anos de criarem perfis em redes sociais. A China restringe o acesso de menores desde 2021, exigindo a identificação através de um documento de identidade. Os menores de 14 anos não podem passar mais de 40 minutos por dia no Douyin, a versão chinesa do TikTok, e o tempo de jogo online para crianças e adolescentes é limitado. De notar que a verificação do cumprimento destas imposições é complexa, assim como a sua eficácia como medida dissuasora incerta. Em Portugal não existem disposições legais ou recomendações oficiais quanto à idade mínima de início de utilização de redes sociais. Deve ser tido em conta a maturidade da pessoa, o contexto e os limites que serão definidos adequados à situação. Tempo de ecrã Quando falamos de tempo de ecrã referimo-nos a tempo dispendido por dia, em tablets, computadores, smartphones, consolas de jogos e televisão. Alguns estudos sugerem a definição de limites claros nos canais usados e tempo dispendido. De um modo geral, as recomendações para o tempo de ecrã diário, com supervisão, estabelecem-se de acordo com a faixa etária: até aos 2 anos não utilizar; 2 aos 5 anos 1 hora; acima dos 5 anos 2 horas; adolescente 2 a 3 horas. Em qualquer idade, incluindo adultos, os ecrãs não devem ser utilizados durante as refeições e pelo menos 1 hora antes de dormir. De acordo com a “The Goldilocks Hypothesis”, o uso de tecnologia em níveis moderados não é intrinsecamente prejudicial e pode até ser vantajoso. Segundo esta teoria, considera-se que o “uso excessivo” das tecnologias digitais está presente quando interfere com o aproveitamento escolar, com as atividades extracurriculares ou outras atividades sociais, mas acredita-se também que o uso reduzido das mesmas possa privar os jovens de informações sociais importantes e atividades de pares. De um modo geral, recomenda-se que os/as adolescentes não ultrapassem 2 horas de ecrã por dia, a fim de garantir algum equilíbrio entre a vida online e offline. Medidas de segurançaDeixamos aqui 5 medidas para melhorar a segurança da atividade online, que são válidas para jovens, mas também para adultos:
Como abordar o tema com o/a meu/minha adolescente?Se não for criado um ambiente de diálogo, podemos facilmente começar a imaginar o pior e partir logo do princípio que todas ou quase todas as interações online são mal intencionadas. Contudo, existe ainda uma visão algo datada dos relacionamentos online e de como esta geração não consegue aguentar as “relações reais”. É importante ter consciência de todos estes preconceitos no momento de procurar iniciar o diálogo com a/o nossa/o filha/o sobre a sua vida online. A maioria das nossas preocupações pode ser esclarecida através de um diálogo aberto com o/a nosso/a filho/a. Mas atenção, quando procuramos iniciar uma conversa a última coisa que queremos é que as nossas preocupações sejam interpretadas como agressividade ou intrusividade. Isto pode levar a/o jovem a retrair-se ainda mais e refugiar-se ainda mais no mundo digital, percecionado como seguro. Deixamos aqui 4 dicas para iniciar a conversa:
Dê prioridade à empatia dando atenção a como se sente a/o jovem em vez de criticar o conteúdo com que estão a interagir. O objetivo é criar confiança! Se o/a jovem perceber que tem genuíno interesse pelo que este/a está a viver, mais facilmente vai partilhar assuntos mais delicados relacionados com as suas interacções online. Mantenha a conversa ao longo do tempo. Ajudar a gerir melhor as redesÉ importante promover atividades offline atrativas, nas quais a/o adolescente possa participar, sem depender do uso de plataformas sociais. Mas mais importante do que isso, é fundamental dar o exemplo, evitando o excesso de uso do telemóvel à frente dos/as filhos/as. Os pais e cuidadoras/es devem incentivar a construção de um sentido crítico sobre as redes sociais, promovendo a autoaceitação e discutindo a diferença entre a representação online e a realidade, sempre que possível. Deixamos aqui algumas sugestões para cuidar melhor da nossa saúde mental enquanto estamos nas redes:
Ler tambémO que é que as redes sociais estão a fazer ao/á meu/minha adolescente O contexto do/da meu/minha adolescente nas redes sociais nos dias de hoje Cyberbullying e o/a meu/minha adolescente Misoginia online e o/a meu/minha adolescente Dependência online e o/a meu/minha adolescente Imagem corporal negativa e o/a meu/minha adolescente Estratégias práticas para comunicar com o/a meu/minha adolescente O/a meu/minha adolescente e saúde mental: diversidade, autoestima, pertença, pressão de pares e vida online Saúde mental do meu adolescente (e minha): Manter, melhorar, prevenir Desafios do/a meu/minha adolescente: É normal ou é um problema? Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.
0 Comments
Leave a Reply. |
todos os temas
todos os recursos
todos os conteúdos
Destacamos
|