Adolescência e saúde mental: autoestima, pertença, pressão de pares e vida online

Um elemento central nesta etapa é a necessidade de reconhecimento individual. A adolescência é naturalmente uma fase muito autocentrada, na qual a pessoa jovem procura afirmar o seu espaço e relevância no mundo. Este egocentrismo, frequentemente incompreendido, é um mecanismo normal e saudável que impulsiona o desenvolvimento da autonomia.

Sendo a adolescência uma fase determinante da construção da personalidade e da identidade pessoal e moral de um indivíduo, este é um período intenso de autodescoberta, em que as pessoas jovens começam a questionar quem são, de que é que gostam, em que é que acreditam e como se posicionam no mundo. Para além da influência dos pares e da família, a escola desempenha um papel fundamental neste percurso, ajudando as/os alunas/os a refletir sobre a sua identidade de forma saudável e informada. Atualmente, as/os adolescentes utilizam frequentemente ambientes virtuais, como as redes sociais e os videojogos, para se expressarem e experimentarem diferentes facetas da sua identidade. Nas redes sociais, criam versões de si próprios que podem refletir aspirações e interesses; nos videojogos, têm a liberdade de criar avatares e viver realidades alternativas, que muitas vezes funcionam como espaços seguros para explorar características e aspetos da sua identidade.

O sentimento de pertença a um grupo é essencial para um desenvolvimento emocional saudável, funcionando como um fator protetor para problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Contudo, embora esta procura por identificação com os pares faça parte do desenvolvimento social, as pessoas adolescentes são particularmente vulneráveis à pressão exercida por estes, o que pode tornar-se um desafio e ter consequências negativas se as levar a agir contra os seus próprios valores ou a assumir comportamentos que podem ser prejudiciais ou de risco.

O medo da exclusão pode tornar estas pessoas vulneráveis ao consumo de substâncias, a desafios perigosos ou até ao afastamento de relações familiares e sociais. Além disso, a necessidade de corresponder a expectativas irreais e padrões impostos pelo grupo pode aumentar os níveis de ansiedade e insegurança. As/os professoras/es devem estar atentos/as a sinais de exclusão ou pressão social.

O equilíbrio entre a vontade de pertencer a um grupo e a preservação da individualidade é um desafio natural da adolescência. Com a orientação adequada e um ambiente escolar positivo, as/os jovens podem desenvolver ferramentas para enfrentar esta fase com mais segurança, autonomia e bem-estar.

Ajudar os jovens a fazer estas explorações na escola

Para contribuir para a criação de um ambiente escolar seguro, inclusivo e estimulante, onde os/as alunos/as possam explorar a sua individualidade sem receio de julgamento e fortalecer a sua autoestima, os educadores podem:

• Criar espaços de expressão e diálogo, como debates, clubes escolares ou projetos criativos, permitindo que as/os alunas/os expressem as suas opiniões, explorem os seus interesses e se conectem com outros/as com quem partilhem experiências semelhantes, promovendo um sentimento de pertença;
• Orientar as/os alunas/os para atividades que apreciem e nas quais possam ser bem-sucedidos, de acordo com as suas características e interesses específicos, valorizando estes aspetos da sua identidade;
• Promover uma cultura de respeito e valorização das diferenças, incentivando a diversidade de pensamento e identidade na sala de aula;
• Utilizar metodologias ativas, como trabalhos de grupo e dinâmicas de cooperação, para reforçar a empatia e a colaboração entre os alunos

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Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.