Dependência online e os meus alunos

A dependência online é um problema crescente na era digital. Refere-se ao uso excessivo da internet, redes sociais, jogos online ou outras atividades digitais, a ponto de interferir negativamente na vida cotidiana, no bem-estar emocional e no desempenho escolar ou social do/a jovem.

Podemos estar perante uma situação de dependência online quando a internet é usada compulsivamente, sem necessidade ou propósito claro, e é dada sistematicamente preferência à vida online em detrimento de interações presenciais. A pessoa é incapaz de reduzir o tempo que passa online, mesmo quando confrontada com as suas consequências negativas, usando frequentemente a internet para não pensar nos seus problemas ou sentir emoções difíceis de lidar.

A dependência online pode estar relacionada com a procura de aceitação ou validação social (em particular nas redes sociais), o evitamento de problemas emocionais, a falta de supervisão parental e/ou características inerentes às plataformas digitais como o estímulo constante e as recompensas rápidas.

Quais são os sinais de alerta?

Existem alguns sinais de alerta no/a jovem que podemos estar atentos, nomeadamente:

• Isolamento social: evita sair com amigos ou participar de atividades em grupo.
• Queda no desempenho escolar: notas baixas ou diminuição do interesse nos estudos.
• Alterações de humor: irritabilidade, ansiedade ou tristeza quando não está online.
• Privação de sono: ficar acordado até tarde a navegar ou a jogar.
• Mentir sobre o tempo online: esconder ou minimizar o uso da internet.
• Negligência de atividades básicas como alimentação, higiene ou compromissos familiares.
• Falta de controlo: não consegue diminuir o tempo que passa online.

Como prevenir a dependência online na escola?

Algumas estratégias ajudam a prevenir a dependência online:

1. Educar sobre o uso saudável da tecnologia: promover discussões sobre tempo de ecrã, como a internet pode afetar o sono, a atenção e a autoestima.
2. Reforçar o pensamento crítico sobre redes sociais: analisar com os/as alunos/as o impacto dos likes, filtros, influencers e comparações, discutir a diferença entre o que é real e o que é manipulado na internet.
   
3. Manter um diálogo aberto: ter momentos para que os/as estudantes possam falar sobre suas experiências online.
4. Propor atividades offline e colaborativas: incentivar jogos, desporto, artes, debates e atividades em grupo que valorizem o contato humano. Mostrar que a diversão e a conexão também acontecem longe dos ecrãs.
5. Estabelecer regras claras de uso de dispositivos na escola.
6. Envolver pais e encarregados de educação: promover encontros sobre o impacto do uso excessivo de tecnologia em casa e na escola. Sugerir práticas familiares, como “momentos sem ecrãs” ou “dia de detox digital”.
   

Acho que o/a meu/minha aluno/a está viciado na internet. E agora?

As estratégias acima mencionadas são ainda mais importantes se suspeitar que o seu/sua aluno/a está dependente da internet.

Contudo, estas estratégias podem não ser suficientes. Pode ser necessário partilhar as suas preocupações com os encarregados de educação e em conjunto decidir o melhor caminho a seguir. Pode ser útil procurar ajuda especializada, seja entrando em contacto com o psicólogo da escola ou com o médico de família no centro de saúde. Ambos podem indicar os serviços na zona mais adequados para esta situação. O acompanhamento psicoterapêutico pode ajudar a desenvolver estratégias de controlo e autoconhecimento e assim promover a redução gradual do tempo online. Em casos mais graves pode ser necessário a intervenção da pedopsiquiatria ou da psiquiatria.

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Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.