Tenho um(a) aluno/a com comportamento difícil

Devo preocupar-me?

É importante distinguir uma zanga pontual de estar constantemente zangado. O sentimento de zanga de vez em quando é normal e saudável. Sentirmo-nos sempre zangados não é bom e pode levar à solidão ou depressão.

Muitos/as jovens passam por fases em que testam os limites das relações. Muitas vezes, isto não é motivo de preocupação e a maioria dos/as alunos/as supera esta fase com o tempo. No entanto, algumas pessoas jovens mantêm padrões de comportamento desafiadores e têm dificuldade em desenvolver estratégias que as ajudem a gerir as suas emoções. Este tipo de comportamento é mais sério do que um(a) jovem ser rebelde ou comportar-se mal e muitas vezes, é uma forma de comunicar dificuldades ou angústias que pode estar a experienciar.

Quando o problema comportamental de uma pessoa jovem se torna grave e persistente, pode ser considerada a hipótese de existir uma perturbação do comportamento, que é um problema de saúde mental. As perturbações de comportamento podem não só afetar a capacidade de um(a) jovem ser funcional, mas também perturbar o bem estar dos outros.

Algumas características que podem estar presentes nas perturbações de comportamento são:

• Ser pouco cooperativo/a ou facilmente irritável
• Ter episódios de raiva e explosões emocionais frequentes
• Ser agressivo/a, provocar ou intimidar outros
• Culpar os outros por coisas que correm mal
• Mentir regularmente
• Parecer ser cruel e sem empatia pelos outros
• Ter dificuldades em gerir os limites e as regras dentro do ambiente escolar
• Ter dificuldades em manter atenção e concentração
• Procurar experiências arriscadas sem pensar nas consequências
• Estar em risco de autoagressão ou suicídio.

O que posso fazer?

São estratégias úteis para lidar com um(a) jovem com comportamento difícil:

• Perguntar a si mesmo o que pode estar a motivar o comportamento difícil. Tentar compreender o que o/a jovem pode estar a experienciar ou que dificuldades pode ter é fundamental. Pode ser útil envolver os pais ou cuidadores para ajudar a entender o que pode estar a acontecer.

 

• Tentar não levar o comportamento como algo pessoal contra si. Muitos comportamentos desafiadores não estão relacionados com os outros, mas sim com a própria pessoa que pode estar em sofrimento. Compreender e aceitar isto pode ajudar a concentrar-se nas soluções.

 

• Não desvalorizar o que sente. A forma como se sente ao lidar com o comportamento de um(a) aluno/a pode dar pistas sobre como esse/a jovem pode estar a sentir-se. Por exemplo, se se sente sobrecarregado, é possível que ele/a também se sinta assim.

 

• Manter a calma, falar com voz tranquila e neutra e não reagir com gritos e punições imediatas. Não fazer escalar o conflito permite ensinar pelo exemplo que é possível discutir sem agressividade e há maneiras mais adequadas de expressar emoções.

 

• Permitir que o/a jovem se acalme dando-lhe tempo ou levando-o/a para um local seguro. Explicar que está ali para ajudar quando estiver pronto para conversar. Quando ele/a conseguir controlar a sua raiva, elogiar e reconhecer o seu esforço.

 

• Se as alterações do comportamento forem frequentes, muito intensas ou envolverem agressividade contra si mesmo ou terceiros, um(a) psicólogo/a pode ajudar a entender melhor a situação e oferecer estratégias eficazes.
  

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Estes conteúdos foram produzidos pela equipa multidisciplinar da ManifestaMente em Abril de 2025, no âmbito do Kit Básico de Saúde Mental para Jovens - saber mais.