A comunicação social pode ter um impacto significativamente positivo na forma como encaramos a saúde mental e as pessoas com doença mental na sociedade, mas também tem o potencial de agravar ainda mais o estigma e o preconceito, contribuindo para aumentar os sentimentos de vergonha que levam as pessoas em sofrimento a não pedir ajuda.
Como identificar se o meu artigo pode ter um impacto estigmatizante?
Mesmo que um jornalista não tenha como objetivo escrever sobre saúde mental, é possível que os temas da saúde ou doença mental surjam durante o acompanhamento de outra notícia. As questões(1) em baixo podem ajudar o jornalista a identificar se o artigo pode ter um impacto estigmatizante ou não:
1. A referência à existência de uma doença mental ou situação de abuso de substâncias é mesmo relevante para um artigo sobre violência, por exemplo? Se não for, não há necessidade de o mencionar. Assim podemos evitar reforçar a crença de que as ações invulgares se explicam com a existência de uma doença mental.
2. Qual é a fonte para o diagnóstico de doença mental ou abuso de substâncias? É importante descartar opiniões ou comentários de fontes não especializadas. Se a menção do diagnóstico for relevante para o artigo, é importante garantir que a fonte está autorizada a partilhar informação sobre o diagnóstico e a situação, e que a informação é exata. É frequente que as circunstâncias pessoais tenham mais impacto no despoletar de determinados eventos (como violência ou homicídio), do que a existência de doenças mentais.
3. Qual é a linguagem utilizada? A utilização de termos como 'maluco' ou 'doente mental' podem perpetuar estereótipos e contribuir para a discriminação que afeta tantas pessoas - em vez disso devemos falar de 'pessoa com doença mental'. É importante descrever primeiro o indivíduo a quem o artigo se refere como uma pessoa - que vive com um problema de doença mental.
1 - Questões adaptadas do The Carter Center Journalism Resource Guide on Behavioral Health
1. A referência à existência de uma doença mental ou situação de abuso de substâncias é mesmo relevante para um artigo sobre violência, por exemplo? Se não for, não há necessidade de o mencionar. Assim podemos evitar reforçar a crença de que as ações invulgares se explicam com a existência de uma doença mental.
2. Qual é a fonte para o diagnóstico de doença mental ou abuso de substâncias? É importante descartar opiniões ou comentários de fontes não especializadas. Se a menção do diagnóstico for relevante para o artigo, é importante garantir que a fonte está autorizada a partilhar informação sobre o diagnóstico e a situação, e que a informação é exata. É frequente que as circunstâncias pessoais tenham mais impacto no despoletar de determinados eventos (como violência ou homicídio), do que a existência de doenças mentais.
3. Qual é a linguagem utilizada? A utilização de termos como 'maluco' ou 'doente mental' podem perpetuar estereótipos e contribuir para a discriminação que afeta tantas pessoas - em vez disso devemos falar de 'pessoa com doença mental'. É importante descrever primeiro o indivíduo a quem o artigo se refere como uma pessoa - que vive com um problema de doença mental.
1 - Questões adaptadas do The Carter Center Journalism Resource Guide on Behavioral Health
Recursos para Jornalistas
Em PortuguêsInformemente - Guia Essencial para Jornalistas, sobre Saúde Mental - Elaborado pela Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, este guia explica alguns dos conceitos e números importantes em saúde mental, lista fontes onde encontrar informação fidedigna e fala sobre algumas doenças.
Prevenção do Suicídio, Manual para Jornalistas - Elaborado no âmbito da Campanha Nacional de Prevenção do Suicídio, este manual explica alguns conceitos básicos sobre o suicídio, mitos, a importância da prevenção e o papel da comunicação social; oferece recomendações sobre como reportar (e não reportar) um suicídio, linguagem a utilizar e cuidados a ter e ainda apresenta exemplos práticos e sugestões de recursos de ajuda a incluir nos artigos. Dar Notícias sobre a Guerra, Recomendações para os Media - Elaborado pela Ordem dos Psicólogos, este guia explica a relação entre as notícias de guerra e a nossa saúde mental, apresentando recomendações sobre a forma de divulgar notícias. |
Em Inglês
The Carter Center Journalism Resource Guide on Behavioral Health - Elaborado em colaboração com a Emory University, este guia explica como avaliar se um artigo pode ser estigmatizante, o impacto das palavras escolhidas, sugere temas de saúde mental a abordar, explica a importância de incluir referência a onde procurar ajuda e falar de tratamento e recuperação, explica como falar de violência e suicídio, recomenda fontes fidedignas e inclui um glossário de doenças e substâncias ilícitas.
O Dart Center for Journalism and Trauma tem bastantes recursos (em inglês) para jornalistas que querem falar sobre saúde mental, dos quais destacamos os relativos a: auto-cuidado e apoio de pares, crianças e jovens, violência doméstica, violência sexual e suicídio. Best Practices and Recommendations for Reporting on Suicide - Um curto documento (em inglês) com as recomendações mais importantes neste tópico, resultante do esforço colaborativo de várias associações internacionais dedicadas à saúde mental. |
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