14 mensagens do Prós e Contras sobre “saúde mental: a epidemia oculta”

A pandemia da COVID-19 tem trazido à saúde mental a atenção que há muito merecia. No dia 7 de julho, o programa ‘Prós e Contras’ dedicou-se a este tema. A ManifestaMente dá os parabéns à RTP e destaca algumas mensagens-chave do programa.

1. A oportunidade da COVID-19. Todos estamos a passar pelo mesmo; logo, temos mais facilidade em empatizar. Este fenómeno é inédito e representa um passo importante para quebrar o estigma.       
2. A importância do trabalho. O trabalho distingue-nos dos restantes animais e dá-nos dignidade e sentido de causa. O desemprego pode gerar doenças mentais e, muitas vezes, contribuir para o suicídio.
3. A vantagem do teletrabalho. Quem está em teletrabalho tende a estar melhor do que quem tem de trabalhar fora de casa (ficando mais exposto ao vírus) ou quem fica em casa sem poder trabalhar.
4. Liderança, união e fator humano nas organizações. Este cocktail permite trabalhar em equipa de forma saudável, controlar a carga de trabalho e prevenir o burnout. O Hospital de São João foi considerado uma referência nestes campos.
5. Cansaço extremo não é sinónimo de burnout. Uma forma importante de distinguir burnout de cansaço extremo (atualmente frequente entre profissionais de saúde) é que uma pessoa que viveu um burnout raramente quer voltar a exercer o mesmo trabalho.
6. Desemprego e suicídio. Crises financeiras e desemprego elevado estão associados a um maior número de suicídios. Pelo menos 90% das pessoas que se suicidam estão profundamente deprimidas. O seu isolamento é um sinal de alerta; devemos lembrar à pessoa em risco que ela é importante.
7. O sono e a luz. Em cerca de 200 doenças mentais, metade incluem perturbações do sono. Estas são frequentemente causadas pela falta de luz natural ou excesso de exposição a luz artificial (como de ecrãs).
8. O sono e o modelo de trabalho. Porque é que temos operários a construir carros às quatro da manhã ou supermercados abertos às onze da noite a vender tupperwares?
9. Apoio psicológico para profissionais de saúde. É necessário dar mais apoio psicológico aos profissionais de saúde, pois têm a ideia terrível que têm de cuidar dos outros e esquecem-se que também têm de ser cuidados.
10. Se houver acesso a serviços, as pessoas recorrem. Perante a disponibilização de apoio psicológico pelo SNS durante a pandemia, assiste-se a um aumento na procura – mesmo havendo estigma.
11. A depressão é um balão. Enche à medida que aumentam os fatores de risco (estar desempregado, ter mais de 65 anos, ser homem, ter baixa literacia em saúde ou religiosidade, ser pobre, solteiro, divorciado ou viúvo) e diminuem os fatores de proteção (como a proximidade da família).
12. Sintomas físicos com origem psicológica. A depressão apresenta aspetos biológicos que muitas vezes se refletem na somatização. Andamos atrás de gastroenterologistas, dermatologistas, etc, quando muitas vezes a raiz do problema é psicológica.
13. Ansiedade. Uma das definições de ansiedade é a luta diária entre o que eu sou e o mundo em que eu vivo; a vida que eu tenho e o que a sociedade quer de mim.
14. Exercitar a esperança. Devemos centrar-nos no presente pois não vale a pena ruminar o passado e ficar obcecado com o futuro. No contexto atual devemos ganhar juízo, respirar, contar até três e ir pedindo ajuda, não confundindo esse pedido com um sinal de fraqueza mas de coragem. Um conselho de Miguel Bragança, Presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos

Convidados

• Miguel Bragança, Presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos
• Henrique Prata Ribeiro, médico psiquiatra e deputado do Health Parliament Portugal
• Francisco Miranda Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Psicólogos
• Raquel Varela, Historiadora e Investigadora
• Eduardo Carqueja, Diretor do Serviço de Psicologia do Centro Hospitalar Universitário de São João
• Marta Pimenta de Brito, Psicóloga e Deputada do Health Parliament Portugal

 
Este episódio do Pós e Contras está disponível aqui


Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós
ManifestaMente, Débora Miranda