Foi na década de 40, no Brasil, que Nise da Silveira se dedicou a pesquisar e desenvolver a intervenção com artes plásticas em contexto de cuidados de saúde mental hospitalar. Sem antes se fazer a óbvia associação entre expressão criativa e saúde mental, Nise foi fora da caixa para a altura, tendo oportunidade de obter resultados positivos na exploração da inteligência livre em enquadramentos limitadores. A experiência fez parte de um longo percurso, que nos leva hoje a comprovar os benefícios da arte em contexto terapêutico/psicoterapêutico. Procuramos ao longo da vida desenvolver a criatividade, esta capacidade humana de formar o novo, de evoluir na organização do que é subjetivo ou abstrato. A nossa capacidade criativa permite-nos gerar símbolos ou reconhecer ideias e alternativas para solucionar problemas. No desenvolvimento saudável de cada um, são desenvolvidas funções reguladoras da mente e operacionais do ser, que nos permitem tornarmo-nos seres com capacidade de adaptação à realidade interna e externa. Ora, o ótimo é inimigo do bom. Nem sempre o percurso de desenvolvimento da vida nos proporciona as ideais vivências de organização e regulação, onde o processo mental criativo é apreendido até se tornar funcional. Isso pode significar que a capacidade de adaptação às mudanças no ambiente, e a própria sobrevivência com sentido, sejam colocadas em risco. Por exemplo, quando a nossa dinâmica diária se altera radicalmente sem estarmos à espera, isso pode gerar consequências que não favorecem o bem-estar geral ou a sensação de satisfação, segurança e prazer. O fazer artístico com cariz terapêutico/psicoterapêutico pode ter um efeito benéfico na mente humana, na medida em que atua dentro do campo de subjetividade criativa, permitindo estimular o equilíbrio estético da mente, responsável pela simbolização e pela constituição de pensamento e linguagem. Arte-Terapia: do empoderamento à expressão De forma prática e efetiva, um exemplo atual e português é o Modelo Polimórfico de Arte-Terapia/Psicoterapia, concebido por Ruy de Carvalho, (www.arte-terapia.com) que compreende diferentes modos de intervenção com recurso à manifestação artística, possuindo parâmetros processuais próprios que contribuem para a saúde mental e o desenvolvimento da criatividade da pessoa. O processo mental criativo constitui-se de dinâmicas e funções que nos permitem atribuir significado e progresso à vida. Quando o sujeito se debruça sobre si mesmo, permitindo-se conhecer os meandros da sua existência, pode tropeçar num significado profundo e estruturante, havendo aí a possibilidade de empoderar os mecanismos de regulação interna que ativam o pensamento criativo.
No dia 15 de Abril assinala-se o nascimento de Leonardo Da Vinci e o Dia Mundial da Arte, uma comemoração que promove a consciência da importância da atividade artística por todo o mundo! E vocês, como irão celebrar? Tragam arte ao vosso dia. ManifestaMente, Filipa Santos Comments are closed.
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