O FoMO é um fenómeno traduzido pela inquietação sentida pelos utilizadores das redes sociais por receio de perder oportunidades de visualização de conteúdos, quando não estão ligados ou de não reagirem ao conteúdo exposto em tempo útil ou interagirem com os outros utilizadores acerca dos mesmos. Esta inquietação reflete, muitas vezes, um desejo de aceitação, baseado na necessidade de pertença a uma comunidade ou a um grupo, sendo uma motivação inata e fundamental dos seres humanos (3).
O FoMO pode provocar um impacto negativo nas vivências dos adolescentes e, mais ainda, no desenvolvimento dos processos neurobiológicos caraterísticos desta fase do ciclo vital. Embora exista alguma evidência científica acerca dos efeitos do FoMO no bem-estar dos adolescentes, não existem ainda orientações específicas nem ferramentas que permitam a autorregulação dos jovens perante esta problemática (1). Assim sendo, como podemos contrariar este fenómeno? Uma das intervenções possíveis para diminuir a ansiedade que surge devido ao FoMO consiste em práticas de mindfulness. De facto, os adolescentes que sofrem deste fenómeno, têm tendência para o desempenho simultâneo de várias atividades, como por exemplo aceder às redes sociais enquanto caminham, quando estão na companhia de outras pessoas ou às refeições, o que os inibe de viver o “aqui e agora”. O mindfulness poderia, assim, agir como um meio ativo de autoajuda, através da ativação da atenção plena e da consciência, favorecendo a autorregulação e o foco em apenas uma tarefa e nas suas qualidades sensoriais(6). A atenção plena pode também aumentar a autoestima, diminuir o estado depressivo, a ansiedade e o sofrimento psicológico geral (6). Portanto, esta abordagem seria uma boa opção para motivar os adolescentes a autorregularem o seu comportamento e a sua postura em relação às redes sociais. Por outro lado, é possível optar por uma abordagem terapêutica psicossocial, mais propriamente ligada à terapia cognitivo-comportamental, de forma individual ou em grupo. Este tipo de abordagem foca a compreensão e a consciencialização, por parte dos adolescentes, sobre o seu comportamento em relação às redes sociais, promovendo a implementação de medidas que atuam como respostas ao FoMO e previnem o retorno ao comportamento inicial. Através da terapia, os adolescentes poderão ter consciência dos gatilhos internos e externos que desafiam o seu controlo de impulsos, destacando sentimentos, necessidades psicológicas e distorções cognitivas que servem de base para o uso excessivo dos meios digitais (2). Deste modo, é possível ajudar os adolescentes a reconhecer as causas dos padrões de uso e a desafiar as emoções e pensamentos negativos ligados ao uso excessivo das redes sociais. O FoMO revela-se um problema sério, de grande necessidade de abordagem psicossocial, de modo a promover o bem-estar dos adolescentes e um desenvolvimento saudável da sua autoestima, relações com os pares e autorregulação. A constante tentativa de equilíbrio entre o tempo passado nas redes sociais e na vida real torna este fenómeno impactante na vida dos adolescentes. Importa, assim, uma identificação precoce e a implementação de estratégias individualizadas, com objetivos claros e personalizados, envolvendo o adolescente e a sua comunidade. Promover a sua redução tende a favorecer o desenvolvimento de uma geração bem-adaptada e capacitada, para promoção do seu bem-estar e uma vida em sociedade ajustada. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Sónia Brás Referências: 1. Alutaybi, A., Al-Thani, D., McAlaney, J., & Ali, R. (2020). Combating Fear of Missing Out (FoMO) on Social Media: The FoMO-R Method. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(17), 6128. https://doi.org/10.3390/ijerph17176128 2. Cemiloglu, D., Almourad, M. B., McAlaney, J., & Ali, R. (2022). Combatting digital addiction: Current approaches and future directions. Technology in Society, 68(68), 101832. https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2021.101832 3. Elhai, J. D., Yang, H., & Montag, C. (2021). Fear of missing out (FOMO): overview, theoretical underpinnings, and literature review on relations with severity of negative affectivity and problematic technology use. Revista brasileira de psiquiatria (Sao Paulo, Brazil : 1999), 43(2), 203–209. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2020-0870 4. Reer, F., Tang, W. Y., & Quandt, T. (2019). Psychosocial well-being and social media engagement: The mediating roles of social comparison orientation and fear of missing out. New Media & Society, 21(7), 1486–1505. https://doi.org/10.1177/1461444818823719 5. Franchina, V., Vanden Abeele, M., van Rooij, A., Lo Coco, G., & De Marez, L. (2018). Fear of Missing Out as a Predictor of Problematic Social Media Use and Phubbing Behavior among Flemish Adolescents. International Journal of Environmental Research and Public Health, 15(10), 2319. https://doi.org/10.3390/ijerph15102319 6. Weaver, J. L., & Swank, J. M. (2019). Mindful Connections: A Mindfulness-Based Intervention for Adolescent Social Media Users. Journal of Child and Adolescent Counseling, 5(2), 103–112. https://doi.org/10.1080/23727810.2019.1586419 Comments are closed.
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