Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Neuropsicologia

Após um AVC, a vida e a esperança podem continuar. A reabilitação pode fortalecer o corpo, as suas capacidades e a sua confiança (American Stroke Association).

O AVC é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal.

O AVC pode provocar diversas alterações, dependendo da zona do cérebro afetada, da gravidade da lesão e do estado geral de saúde, com implicações na vida pessoal, familiar, social e profissional.

A pessoa pode apresentar limitações físicas, assim como ao nível do pensamento/raciocínio e da gestão das emoções. Algumas pessoas apresentam alterações ligeiras e voltam à sua rotina rapidamente, no entanto, outras apresentam alterações graves, necessitando de cuidados específicos.

No domínio das alterações do pensamento/raciocínio, podemos ter lentificação do pensamento, alterações de memória, perturbação da linguagem, dificuldade em planear ou resolver problemas, alterações na capacidade de atenção/concentração, dificuldade em reconhecer objetos, entre outras.

Sentimentos de choque, negação, raiva, tristeza e culpa são normais quando a pessoa se depara com uma mudança tão devastadora. Lidar com as alterações pós-AVC pode ser difícil.

As alterações psicológicas/comportamentais podem ser diversas, como a tristeza ansiedade, apatia, frustração, dificuldade em controlar as emoções, alterações da personalidade, entre outras. No caso de ser diagnosticada uma Perturbação Depressiva, esta deve ser tratada, pois pode limitar o processo de recuperação.

Não podemos esquecer os cuidadores informais (família/amigos), que também são afetados, pois assumem muitas vezes a responsabilidade total ou parcial dos cuidados, podendo originar sobrecarga do cuidador e, consequentemente, depressão. Por isso, a família também deve ser integrada no processo de reabilitação.

Como ajudar um familiar/amigo com alterações emocionais pós-AVC:

• Mostre que está disponível para falar, ouvir, e que está disponível para ajudar.
• Se necessário, encoraje a pedir ajuda profissional.
• Por vezes, a pessoa sente-se sozinha e isolada. Tente visitar o seu familiar/amigo ou telefone, mesmo que seja uma chamada de curta duração.
• Estimule a sua independência, incentivando a pessoa a realizar as tarefas sozinha. Muitas vezes a pessoa diz que não é capaz, necessitando de ser encorajada.
• Celebre as pequenas conquistas obtidas no processo de reabilitação.
• Ajude a que permaneça ativo(a). Muitas atividades podem ser adaptadas à situação clínica.
• Se tiver afasia, facilite a comunicação. Pode, por exemplo, fazer perguntas de resposta Sim/Não, fazer perguntas do geral para o específico e incentivar o uso de outros meios de comunicação.
• Seja paciente. É um processo que demora algum tempo.

A reabilitação desempenha um papel importante no tratamento da pessoa com AVC e deve começar o mais rápido possível. Neste sentido, a reabilitação deve ser feita por profissionais de saúde de diferentes áreas. É um processo que exige reforços contínuos ao doente, quer pela família quer pelos profissionais que acompanham o doente, e é variável, podendo ocorrer em semanas ou mesmo prolongar-se por anos.

A Neuropsicologia, especialidade da psicologia, tem um papel fundamental na recuperação pós-AVC. O neuropsicólogo desenvolve atividades de avaliação,
reabilitação e apoio psicológico aos familiares e doente. A avaliação, permite identificar as alterações cognitivas e emocionais e definir objetivos de intervenção.

A reabilitação neuropsicológica pretende reduzir o impacto cognitivo, emocional, comportamental e social. É importante ajudar na adaptação à nova condição da forma mais produtiva e independente possível, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida.

Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós
ManifestaMente, Ana Teixeira

Referências:
American Stroke Association. https://www.stroke.org/en/  
Emotional changes after a stroke. Stroke Association, 2021. https://www.stroke.org.uk/
Maia, L., Correia, C., Leite, R. (2009). Avaliação e Intervenção Neuropsicológica. Estudos de Casos e Instrumentos. Lidel.
Wilson, B. (2019). Rehabilitácion neuropsicológica. Manual Internacional. Manual moderno.