Autocuidados com Criatividade

Todos somos criativos, mas uma boa parte de nós existe crente de que a criatividade é algo que só acontece a uns poucos abençoados, o que não podia estar mais longe da verdade.

Escolher um filme, o que escrever num e-mail, a melhor forma de limpar aquele móvel alto, ou o que será o jantar, exige de nós recursos que são puramente associativos de ideias e, por isso, criativos na sua essência.

Fugindo aos lugares-comuns do banho relaxante, uma visita ao spa, ou ir tomar café com um amigo, podemos utilizar uma série de estratégias pessoais, que privilegiem os momentos em que nos sentimos bem connosco próprios e, construir uma prática com atividades diferentes, que nos fazem sentir bem durante, e após, as executarmos. 

Mesmo se não nos predispomos a reinventar a roda, pintar como Picasso, escrever como José Saramago ou cozinhar como a Filipa Gomes. Assumimos, sim, que podemos colocar o que somos em tudo o que fazemos e fazê-lo, de uma forma especial, que é a nossa.


Usar a Criatividade para estabelecer rotinas de autocuidados tem sido determinante na perseguição do meu bem-estar pessoal.

Como? 

Fazendo-o numa cadência compassada que não me suscite julgamentos (afinal, quanto tempo posso dispender a rabiscar numa página, antes de sentir que perco tempo?!). E, permitindo que essas práticas evoluam devagar, e para formatos que goste (recuperei a caligrafia da minha infância nos meus registos. Fica bonito!).

Esta pode ser a resposta, para construirmos um momento presente, com o qual nos sintamos mais felizes.

Aceitar, com naturalidade, que precisamos de uma certa quantidade de Tempo regular, para fazermos algo de que gostamos de verdade e, que “Isto” não é dispensável.

Muito tenho caminhado, no sentido de descobrir estratégias e rotinas, que me suportem no meu dia-a-dia. Por vezes, escrever não basta. Partilhar o que me preocupa não é suficiente. Ignorar que preciso de tempo para mim não serve… isto, sem falar nos desafios que os confinamentos da vida nos têm imposto.

Descobri que, com uns ajustes nas estratégias que uso, impregnando-as de criatividade, obtenho resultados inegáveis na melhoria da minha qualidade de vida e de saúde.


Quatro estratégias que uso e que têm um impacto inimaginável:

a) Integrei um conjunto de atividades, que suportam os meus valores e o que desejo para a minha vida, como bullet journaling, artes manuais, entre outras.
b) Alterei horários, e faço uma constante reavaliação da adequação às minhas necessidades. Às 6:10 da manhã estou dedicada aos meus escritos, por exemplo.
c) Mudo de estratégia sempre que necessário, integrando, eliminando ou reorganizando a meu bel-prazer. Se um minuto de prática de gratitude não é suficiente, proporciono-lhe mais tempo.
d) Identifico novas atividades que quero fazer, que me fazem sentir bem, avaliando o seu contributo constantemente.


Sobre o Processo

As estratégias que uso nasceram da incorporação dum processo criativo de cuidados auto-extra-pessoais. Envolve:

1.Autoconhecimento: Procurei formas de me autoconhecer. Agarrei cada questionário, pesquisa ou ideia, que me pudesse orientar no sentido daquilo que acredito e das coisas que gosto de fazer. Cuidar de nós é conhecermo-nos e fazer uso desse conhecimento. E, como mudamos constantemente, nunca parar de aprender.

2.Práticas: Comecei por uma estratégia simples que envolvia, acordar antes de todos cá em casa, e sentar-me a escrever três páginas matinais. Integrei outros tipos de agendas e repositórios de aprendizagens diárias e, também, alguns exercícios relacionados com as práticas de gratidão e meditação. Não há práticas imutáveis. Todas elas são dinâmicas e sujeitas ao aperfeiçoar constante.

3.Horários: Comprometi-me comigo própria a experimentar, por uma semana, levantar-me às seis da manhã, e usar duas horas para as minhas atividades de escrita. Conto dezasseis meses desta prática e, tem-me servido bem.

4.Mexer o Corpo: Há uma unanimidade de opiniões no que toca à relação da atividade física com o bem-estar de um indivíduo. Para mim, é caminhar.

5.Criatividade: Encontrei blocos de tempo e estabeleço o que faço com eles. Seja ler, ver um filme, trabalhar num projeto, fazer formação, ou descansar... tenho um horário e, nele, incluo tudo o que é importante. Incluindo não fazer nada...

Meses de tentativas, e aperfeiçoamentos, atrevo-me a dizer que encontrei um modo de incluir a criatividade nas minhas rotinas de cuidados pessoais. 

Cada mudança leva a um hábito, que quero construtivo, numa rotina que potencia o que desejo viver no meu dia-a-dia. Ser criativa em todas as atividades que constituem a minha vida. Para cuidar dos outros, sem me esquecer de mim.

Experimentem. Reservem tempo para procurar o que, de facto, gostam de fazer. As coisas que vos animam o espírito. Comecem devagar. Uns minutos de cada vez. Uma atividade de cada vez. Um pequeno ato criativo de cada vez. Os resultados benéficos perduram no tempo, muito para além daquele que usam na atividade. 


Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós,
ManifestaMente, Sara Farinha