Esta síndrome é caracterizada, essencialmente, pela combinação direta de três dimensões:
a) Exaustão emocional: sensação de desconexão relativamente a chefias, colegas e outros, diminuição da empatia/capacidade de compaixão e esgotamento em termos emocionais; b) Menor envolvimento com o trabalho: diminuição do propósito laboral, da motivação e da dedicação às tarefas laborais habituais; c) Menor realização profissional: avaliação negativa da situação profissional e do desempenho no trabalho. Paralelamente, o trabalhador que experiencia a situação de burnout tende a ter maiores dificuldades na conjugação da vida profissional com a vida familiar/social, revelando menores índices de saúde mental e bem-estar geral. É igualmente comum a presença de sintomas físicos no indivíduo com queixas de esgotamento profissional, tais como dores musculares e de cabeça, alteração da qualidade do sono, aumento dos níveis de tensão arterial, fadiga e cansaço físico, entre outras. O acesso aos Serviços de Saúde Ocupacional deverá ser imediatamente disponibilizado sempre que existirem queixas de burnout, designadamente a consulta de Medicina de Trabalho em articulação com a de Psicologia Clínica. Desta forma, é essencial a formação de chefias/superiores hierárquicos e dos próprios trabalhadores sobre esta temática, de forma a dar uma resposta atempada a possíveis situações de risco. Em situações de confirmação diagnóstica, o trabalhador deve ser elucidado sobre o parecer clínico, envolvido no processo de decisão e encaminhado para seguimento clínico/tratamento especializado. A par da avaliação individual do trabalhador, recomenda-se a avaliação contínua dos riscos psicossociais na organização, com o objetivo de serem tomadas medidas concretas de diminuição do risco de burnout dos trabalhadores. Incluem-se nos fatores habitualmente associados a esta problemática: a intensificação da carga e ritmo de trabalho (horários contínuos/excessivos e com poucas pausas para descanso), realização de tarefas que representem perigo para a integridade física ou com exigência emocional aumentada, baixo significado/propósito das tarefas efetuadas, conflitos/problemas de comunicação com colegas/superiores hierárquicos e ausência de controlo/autonomia relativamente à organização do trabalho. O burnout é considerado um problema de saúde pública dado o seu impacto negativo inegável na Saúde Mental dos trabalhadores. De acordo com a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Trabalho, esta problemática afeta 40 milhões de trabalhadores em toda a União Europeia, explicando grande parte da perda de produtividade e do absentismo laboral e, consequentemente, acarretando custos económicos significativos para os indivíduos e para as organizações. O combate ao burnout passa, assim, pela aposta na literacia sobre o assunto, promoção de ambientes saudáveis nas organizações e maior disponibilização de serviços de saúde física e mental especializados. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Diogo Gonçalves Preciso de Ajuda Como ajudar uma pessoa próxima Os comentários estão fechados.
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