Mas, todos nós que já fomos adolescentes, lembramo-nos certamente das dúvidas, mas também das certezas, do que queremos ser “quando formos grandes”.
Esta decisão, que nos pode parecer, na altura, definitiva e, para alguns, avassaladora, deve realmente ser a expressão de quem somos. O que, para os adolescentes, é algo ainda a descobrir. Mas será também a descoberta do mundo que nos rodeia, ou seja, do que está disponível para mim e de quais os ambientes e as áreas profissionais que mais me interessam. Este conhecimento, de mim e do mundo, implica uma atitude de exploração. Costumo dizer aos meus clientes e aos seus familiares que, se há algo em que podemos realmente ajudar um adolescente (e também um adulto) com dúvidas sobre o que gostaria de fazer no futuro, é estimular essa atitude e capacidade exploratória. A exploração de si e do mundo, conhecer-se a si próprio, das suas competências, aptidões, interesses, valores, necessidades, e das profissões existentes, experimentando atividades, vendo outros a desempenhá-las e aprendendo a decidir/escolher, permite que os indivíduos analisem as oportunidades profissionais que melhor possibilitam uma expressão de si. O que, por sua vez, ajuda a clarificar o processo de tomada de decisão. É por isso que alguns dos principais objetivos da Orientação Vocacional e Aconselhamento de Carreira são:
E qual é o papel dos psicólogos de Orientação Vocacional e Aconselhamento de Carreira nesta viagem? Não será, certamente, apresentar uma escolha acabada aos jovens ou aos adultos que nos procuram. Como diz a psicóloga Raquel Raimundo “somos alavanca e não muleta!” A ajuda especializada que os psicólogos podem oferecer neste processo de desenvolvimento pessoal centra-se, como já se falou, na promoção de competências de planeamento, exploração e decisão, através de diversas ferramentas e instrumentos que visam a autorreflexão sobre os próprios valores, interesses, preferências ou objetivos. Alguns desses instrumentos podem ser os famosos “testes psicotécnicos”, mas estes serão sempre e, apenas um meio complementar, de ajuda e não a última palavra. São meios (e não fins em si mesmos) para o jovem ou o adulto partilhar e refletir em conjunto com o seu psicólogo. Também nisto, os pais, familiares ou professores, podem e devem encorajar esta exploração, confiando e demonstrando essa confiança na capacidade do jovem para tomar uma decisão autónoma, consciente e coerente consigo mesmo, procurando não controlar o processo e muito menos projetar os seus próprios sonhos ou inquietações nos filhos. Porque esta interferência pode dificultar a tomada de decisão, podendo deixar marcas para toda a vida. Aproveitemos este momento de pausa, escolar ou profissional, para fazer um balanço sobre aquilo que já vivemos e no que ainda gostaríamos de viver e, de forma consciente e refletida, tomemos as nossas decisões com base naquilo que, realmente, somos – para que as nossas decisões nos encham de propósito, durante toda a vida! E que perguntas nos devemos colocar? Finalmente, aqui ficam algumas perguntas que os nossos jovens podem colocar a si mesmos para avaliarem atitudes, comportamentos e expectativas durante a sua descoberta vocacional:
Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Vanessa Yan. Referências bibliográficas: Guichand, J. & Hutean, N. (2001). Psicologia da Orientação. Lisboa: Instituto Piaget. "Quando crescer quero ser...", Jorge Camarate, Revista Prevenir, fevereiro 2021. “Que área irei escolher?”, Raquel Raimundo, Público, março 2021. Os comentários estão fechados.
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Outubro 2024
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