Mente em (des)confinamento

A ideia que tínhamos do confinamento - parcial ou geral - mudou há um ano, devido à pandemia que se instalou nas nossas vidas de maneira inesperada. Antes, questionávamos se o confinamento seria uma realidade nova, mas com data limite. Hoje debatemo-nos com a mesma questão. Neste caso, como reage (ou deve reagir) a mente?

Saber viver, de acordo com as circunstâncias
A pandemia tem gerado uma série de desafios, em particular o confinamento, que tem sido imposto pela entidade estatal como forma de atenuar o número de contágios. Isso exigiu da nossa parte uma readaptação à nova realidade social e um reajuste de hábitos individuais.


Criar novas soluções para novos problemas
A capacidade de lidar com os desafios da pandemia depende da resiliência psicológica de cada um de nós, que encaramos de maneira diferente situações adversas. Ser resiliente não significa suportar situações difíceis de maneira passiva, mas sim lidar com os problemas de forma adaptativa. Não significa sê-lo sempre, mas o bastante para não desmotivar e acreditar que cuidar da saúde mental não passa somente pelo contacto com o outro, mas também pelo autoconhecimento.


É fácil criar uma rotina; o difícil é mantê-la
A monotonia muitas vezes invade-nos, mesmo quando estamos a estudar ou a trabalhar em casa. Daí a importância de criar uma rotina saudável: É importante manter o equilíbrio, especialmente numa época tão inusitada quanto esta, por isso torna-se essencial saber separar a rotina de trabalho/estudo e o lazer de forma inventiva.
Embora a realidade social não esteja a corresponder ao ideal de vida comum, devemos como nunca redefinir objetivos e criar novos hábitos. A privação da convivência afeta o bem-estar psicológico; por isso,  o que irá diferenciar-nos será a maneira como lidamos com essa privação. Compreende-se assim a importância de incutir hábitos saudáveis, tais como:

• Manter contacto com a Natureza: motiva o equilíbrio entre o “eu” interior e o mundo exterior.
• Produzir Arte como meio de auto-expressão: seja através da escrita, da pintura, da dança ou até mesmo da culinária, estas formas de arte são um excelente meio de abstração.
• Praticar desporto: o importante é manter a atividade física, de acordo com os gostos particulares e todo o movimento conta!

Para além de muitos outros hábitos, estes podem representar formas de meditação que cada um pode adotar, como forma de trazer a mente para o momento presente, e interromper a espiral de preocupações que durante o resto do dia a ocupa.


Estudos recentes
Como forma de avaliar o impacto da pandemia na saúde mental, a nível nacional começam a surgir alguns estudos, tais como:

• Inquérito realizado pela Universidade do Algarve: Amostra populacional: 15-80 anos; Resultados: Verificaram-se níveis aumentados de stress e ansiedade, predominantemente em jovens e mulheres, devido a preocupações relacionadas com a saúde e a situação financeira.
• Investigação realizada pela Universidade de Coimbra (1º Fase): Público-alvo: Adultos (a partir dos 50 anos) e Idosos; Resultados: O primeiro confinamento conduziu a uma maior propensão para sintomas depressivos, stress e ansiedade. Apesar dos primeiros estudos não representarem na íntegra o impacto da pandemia na saúde mental da população portuguesa, começa a verificar-se o peso dos seus efeitos.

Viver vs. saber viver em tempos de pandemia
De facto, a pandemia veio transformar o nosso estilo de vida de maneira inimaginável. É normal sentir medo, tristeza e inquietação. Por isso mesmo, a aceitação de tudo isto faz com que os momentos difíceis nos pareçam um pouco menos trágicos e um pouco mais toleráveis.


Juntos pela Saúde Mental de todos nós
ManifestaMente, Melissa Amaro

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