No dia 26 de maio de 2021 fomos para o terreno! Apesar de alguns membros da nossa equipa já conhecerem o universo do saneamento, acompanharem as brigadas, ouvirem os seus testemunhos, perceberem os riscos, as dificuldades, este projeto foi uma experiência única e muito rica. Primeiro, do ponto de vista da aprendizagem e, depois, do ponto de vista do relacionamento. A BC é uma equipa pequena, com 15 trabalhadores, que desenvolvem um trabalho essencial para a cidade de Lisboa, e poucos conhecem este grupo – cidadãos e trabalhadores da CML. A BC lida diariamente com o lado sujo da cidade. Ambientes insalubres onde habitam ratazanas, baratas, maus cheiros, gases tóxicos. Onde se correm riscos. Onde existem muitas regras de segurança a cumprir, fardas, luvas, maquinaria. Onde se encontram munícipes zangados, irritados por terem problemas de esgotos em sua casa. Naturalmente, há questões relacionadas com a estigmatização desta atividade que promove a desvalorização social, a vergonha, a violência. Os trabalhadores que realizam estas atividades, sem ensino diferenciado, fazem-no sob a pressão da sua condição social. Fruto, também, das exigências desta atividade no serviço público, existe no grupo muito sentido de responsabilidade e de missão no seu trabalho, e uma enorme confiança nos colegas que estão ali ao lado, e com quem é preciso contar. Estas constatações foram obtidas no terreno e, através de uma dinâmica de grupo, realizada com 11 trabalhadores. Tendo presente o estigma à volta do tema da saúde mental, a nossa abordagem, desde o início, foi apresentar o nosso projeto, o que gostaríamos de alcançar com eles, com vista a identificar situações que pudessem ser trabalhadas, para promover o bem-estar da equipa e, claro, sempre com a aceitação e compromisso de todos. Resultados da Sessão com a Brigada de Colectores da CML Na sessão criou-se um espaço de reflexão, para identificar “formas de sentir”, “pontos de dor” e procurar soluções. Ficou claro que os trabalhadores da BC se sentem pouco ouvidos, reconhecidos ou valorizados. Aos poucos, o tema da saúde mental foi surgindo e foram recolhidos contributos valiosos que resultaram num plano de ação. Algumas medidas foram postas em prática de imediato, outras planeadas. Na sessão de reflexão conjunta concluiu-se que devemos dar apoio na promoção de:
Com o trabalho desenvolvido, e com o plano de ação em curso, esperamos que estes trabalhadores se sintam mais acompanhados, ouvidos, valorizados e que isso promova o seu bem-estar no trabalho e, consequentemente, a sua saúde mental. Esperamos, também, que o tema saúde mental vá sendo “desmistificado” e que surja um espaço de reflexão e partilha sobre estas questões. Todo o trabalho é acompanhado pelo Sr. Diretor do Departamento de Saneamento, Eng.º Miguel Fernandes, a quem agradecemos a atenção e disponibilidade, cooperação e a abertura demonstrada, fundamentais para motivar o grupo e levar por diante a execução do Plano de Ação. Também agradecemos ao responsável pelas BC, Carlos Inácio, pelo esforço com que nos apoiou no meio da gestão turbulenta do trabalho que tem que fazer a toda a hora. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, Maria João Gamito, Margarida Rodrigues, Dina Oliveira, Sónia Esteves, Equipa 3 de Dinamizadores Locais da Câmara Municipal de Lisboa * Este artigo é um testemunho do trabalho no terreno de participantes no Programa de Capacitação de Dinamizadores Locais da ManifestaMente. Comments are closed.
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