Estas respostas são muito eficazes para lidar com ameaças à nossa integridade física, porque preparam o corpo para enfrentar melhor esses perigos. Através da produção de algumas hormonas específicas, dão-se as mudanças corporais necessárias para lidar com os perigos da melhor maneira possível. Algumas das mudanças mais fáceis de observar são: o coração a bater mais depressa para bombear mais sangue para os músculos das pernas e braços; os processos digestivos a abrandar ou mesmo parar, porque nessa altura o organismo precisa de energia que esteja imediatamente disponível (e a digestão é um processo demorado, que consome energia), podendo dar origem à sensação de boca seca e de desconforto no estômago. O sistema imunitário tem a sua acção igualmente interrompida, porque também ele consome bastante energia; A nível cerebral, os processos de pensamento sofrem alterações, privilegiando a tomada rápida de decisões, em vez de uma ponderação lenta e meticulosa de cada opção. Do ponto de vista psicológico, a resposta de luta ou fuga está associada a uma sensação de urgência, de agitação, enquanto que a resposta de congelamento está mais associada a sentimentos de desespero ou de desistência.
Esta resposta de alarme é activada automaticamente assim que a amígdala- uma zona do cérebro dedicada à resposta emocional a diferentes estímulos - detecta uma potencial ameaça, o que não depende da nossa vontade. Para a desactivar, precisamos de nos sentir novamente em segurança e, por vezes, isto pode ser um problema já que, quando as ameaças não se dirigem propriamente à nossa integridade física, elas podem não desaparecer tão rapidamente. O nosso corpo está programado para lidar com a ativação deste mecanismo e, desde que sejamos capazes de o desligar, ele acaba por não causar danos. Os problemas acontecem quando estas respostas se mantêm ligadas demasiado tempo É aqui que podem começar a surgir alguns problemas, pois essas hormonas, que preparam bem o corpo para lidar com as ameaças, podem começar a tornar-se prejudiciais quando se mantém em circulação tempo demais. Por isso, mais do que impedir este alarme de disparar, o essencial é que tenhamos ferramentas para ser capazes de o desligar. Idealmente estas são aprendidas na infância, através da co-regulação com as nossas figuras de referência. Quando as pessoas importantes da nossa vida nos ajudam a regular as emoções adequadamente, desenvolvemos aquilo a que se chama um bom travão vagal. O travão vagal é o mecanismo que desliga a resposta de alarme. Se não aprendemos a regular os nossos estados na infância através de ligações seguras, podemos ter este mecanismo desregulado o que, por sua vez, está associado a vários problemas de ansiedade. Ainda assim, mesmo quando não tivemos oportunidade de treinar este circuito na infância, podemos aprender a fazê-lo na idade adulta. Práticas como o yoga, meditação e alguns exercícios simples de respiração podem ser muito úteis para treinar este travão vagal. Um exercício simples consiste em prolongar as expirações, tentando que passem a ter aproximadamente o dobro do tempo das inspirações. Para o fazer, deite-se de costas no chão, com as pernas dobradas e as mãos na barriga. Inspire naturalmente pelo nariz e expire o mais lentamente possível, deixando o ar sair pelos lábios entreabertos e mais devagar que conseguir. Este exercício simples deve ser feito regularmente, para treinar essa capacidade de voltar a um estado de equilíbrio. Não é muito útil tentar usar este exercício durante os momentos de crise e isso pode até causar ainda mais tensão. Mas se o fizer regularmente, durante algumas semanas, pode passar a tornar-se mais fácil recuperar um estado de equilíbrio depois de ele se ter perdido. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Laura Sanches Comments are closed.
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