A 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a COVID-19 como pandemia. Em Portugal, os primeiros casos de infeção foram registados a 02 de março de 2020, seguindo-se um período de medidas altamente restritivas.
Todas as faixas etárias foram atingidas negativamente, no entanto, verificou-se um impacto maior nalguns grupos da população portuguesa, em particular os idosos. Devido às medidas impostas, para minimizar o risco de infeção, verificou-se uma redução do acesso a cuidados de saúde, diminuição da socialização e alteração de hábitos de vida, conduzindo a um desenvolvimento de sintomatologia ansiosa e depressiva. Sabemos que é na população idosa, mais vulnerável à infeção, que se regista uma elevada taxa de mortalidade. E a situação agrava-se em contexto institucional, onde é necessário adotar medidas mais rigorosas. O elevado grau de dependência e deterioração cognitiva, bem como a presença de várias doenças e a permanência em ambiente fechado, são alguns dos fatores que contribuem para os níveis de mortalidade mais preocupantes. As restrições associadas às visitas foram possivelmente o mais difícil de lidar. Visitas suspensas, colmatadas pelas chamadas telefónicas e videochamadas que permitiram manter o contacto com a família e amigos. Lembro-me perfeitamente do acompanhamento que fiz nas primeiras visitas à distância, com uma placa de acrílico a separar-nos. Vi a angústia, de utentes e familiares, que não se podiam tocar. As dificuldades auditivas, a presença de alterações cognitivas, entre outras condições clínicas dificultavam a interação. Medo e ansiedade, frustração, tristeza, incerteza, foram visíveis durante este período. Apesar de tudo, era necessário manter a esperança e reinventarmo-nos. Hoje, apesar do elevado número de infetados em Portugal, vivemos uma realidade diferente. O que mudou? A 04 de janeiro de 2021, iniciava-se o processo de vacinação em idosos institucionalizados e profissionais. Iniciava-se uma nova fase no combate à pandemia, sendo um sinal de esperança para as instituições. A vacinação tem como objetivo prevenir o surgimento de doença grave e das suas consequências, reduzindo a pressão sobre o sistema de saúde (Serviço Nacional de Saúde). Após a vacinação, verificou-se uma diminuição de surtos e, quando existem, as estratégias utilizadas em cada instituição fazem a diferença, nomeadamente:
Atualmente, idosos e profissionais parecem lidar de uma forma diferente com a COVID-19, Pela minha experiência, apesar de existir o medo do vírus, idosos e profissionais sentem-se mais seguros. No entanto, é necessário cumprir as medidas de prevenção. A vacinação devolveu alguma “normalidade” às instituições. Regressaram as atividades terapêuticas em grupo, que estavam suspensas, fundamentais para os idosos. Estas promovem a interação social, permitem a partilha de experiências e emoções, contribuindo para o bem-estar psicológico. As visitas continuam à distância, mas num formato mais agradável. Perante determinadas condições clínicas, o familiar já pode realizar a visita no quarto, que concede alguma tranquilidade à família. Sabemos que a pandemia teve um impacto significativo na população idosa, principalmente no domínio da saúde mental. No entanto, muitos idosos conseguiram encontrar estratégias adaptativas para lidar com esta nova realidade, contribuindo para o seu bem-estar psicológico. Saliento em contexto institucional, a importância de uma equipa multidisciplinar atenta às necessidades dos utentes e familiares. Uma avaliação e intervenção psicológica de forma atempada, permite prevenir determinados problemas de saúde mental ou evitar o seu agravamento. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Ana Catarina Teixeira Comments are closed.
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