Nesta altura do ano, há uma multiplicidade de fatores que podem contribuir para transformar a época de festas numa época difícil. A pressão financeira e as expectativas sociais que nos levam a gastar mais dinheiro do que o nosso orçamento preferiria. A solidão e isolamento das pessoas que precisariam de mais proximidade afetiva na sua vida. As pessoas que já não estão cá e cujas saudades doem um bocadinho mais nesta época. As pessoas que estão cá e não queremos desiludir ou abandonar na época de festas, mesmo que as relações sejam agridoces ou nos causem sofrimento. A multiplicidade de atividades a que nos obrigamos (ou sentimos obrigados) a participar ou organizar, mesmo para além do que precisaria o nosso bem-estar. Até a expectativa social ‘idíli-cor-de-rosa’ de que devíamos estar bem e felizes nesta altura do ano, pode contribuir para nos deitar abaixo, se na realidade não estamos a sentir-nos bem. E, claro, todas as preocupações e limitações que a pandemia acrescenta à forma como podemos viver este período.
Se a nossa saúde mental já está em baixo, ou com problemas, a época das festas também pode trazer desafios acrescidos. As experiências difíceis que esta época pode trazer, também, ser um factor de risco para agravar a nossa saúde mental. Os problemas que estamos a atravessar podem dificultar que celebremos esta época da forma que mais gostaríamos. Também os serviços de apoio e profissionais de saúde que nos acompanham podem estar menos disponíveis nesta altura. Perante os riscos e desafios, é importante dar atenção à nossa saúde mental também durante este período, pelo que reunimos algumas sugestões que podem ajudar. Estratégias para sobreviver à época de festas Começar por ser gentil, generoso e paciente comigo. O que é que estou realmente a precisar nesta época? Mais tranquilidade? Menos stress e confusão? Mais pessoas na minha vida? Mais tempo para mim? O que é que posso fazer para me oferecer mais daquilo que estou a precisar? Dizer que ‘não’ a alguns convites e actividades? Expressar as minhas necessidades às pessoas que me são próximas e introduzir mudanças? Convidar alguém para passar o Natal comigo? Permitir-me ir ao encontro daquilo que estou a precisar e dizer que ‘não’ ao que não me faz bem, é muitas vezes fulcral para o nosso bem-estar e saúde mental. Mas, sermos pacientes connosco e dar-nos tempo para aprender a fazer coisas difíceis, também. Às vezes, demora tempo a conseguir pôr em prática aquilo que já descobrimos que precisamos mudar na nossa vida, e também é importante sermos pacientes e gentis connosco enquanto fazemos essa aprendizagem. Pode ser que, durante esta época festiva, não consigamos fazer tudo o que gostaríamos de fazer, e isso também é ok. Preparar-me. Nalguns casos, conseguimos prever as situações desafiantes que nos esperam. Consigo tomar alguma medida para minimizar o desgaste que essa situação me vai causar? Trata-se de algum contexto em que eu posso reduzir o tempo em que lá estou, interromper para pausas, ou não ir de todo? Posso levar alguma coisa para melhorar o meu bem-estar e conforto? Se as actividades que tenho agendadas não me trazem alegria, será que tenho mesmo que as realizar ou posso mudar alguma coisa dos planos? Se estiver sozinho durante a época de festas, será que posso fazer planos para mim cheios de coisas prazerosas que me ajudem a sentir melhor? Se tiver de estar em isolamento por causa da COVID-19, como é que posso organizar maneiras de estar próximo de quem eu quero via telefone ou video-conferência? Gerir as minhas relações. Respeitar os nossos limites e necessidades pode ser difícil, num contexto que é desgastante para nós, ou em que há dinâmicas de relação instaladas que nos são difíceis de ultrapassar. É importante dar prioridade às coisas que precisamos para nos mantermos bem, mesmo que as pessoas de quem gostamos nem sempre compreendam, complemente, porque precisamos delas. Às vezes, por muito que gostemos das pessoas com que passamos as festas, essas interações podem ser difíceis e, nesses casos, pode ser útil refletir de antemão nos nossos limites e necessidades, para conseguirmos cuidar melhor de nós, e deles, no calor do momento. Se estou a prever perguntas que me vão deixar desconfortável, pode ajudar se pensar numa resposta antecipadamente. Talvez, também ajude, pensar numa maneira de terminar as conversas que me deixam desconfortável, ou preparar alguma actividade para fazer em conjunto que ajude a desviar a tensão destes temas difíceis. Cuidar de mim. É importante cuidar das minhas necessidades, e dar prioridade às coisas que me fazem bem, assim como ter presente os meus limites e permitir-me dizer ‘não’ às coisas que não me vão fazer bem. Permitir-me sentir o que estou a sentir: os nossos sentimentos são reais e válidos, mesmo que sejam diferentes dos das pessoas à nossa volta. Se for preciso, também posso dar-me a oportunidade de desligar da época das festas, fazer uma outra atividade, aprender uma coisa nova, ler um livro ou ver um filme que se passe no verão, planear algo para fazer, depois das festas, que me ajude a relaxar e recuperar dos momentos mais difíceis. Partilhar. Conversar com alguém em quem confiamos pode ajudar. Às vezes podemos até descobrir que não estamos sozinhos nas nossas dificuldades. Às vezes as pessoas que gostam de nós não sabem o que fazer para melhor nos ajudar e, nesses casos. dizer às nossas pessoas o que está a ser mais útil, no seu apoio, pode fazer a diferença. Pedir ajuda. Se as coisas se tornarem muito difíceis, não precisamos lidar com elas sozinhos, há ajudas disponíveis. Também durante a época de festas, estamos: Juntos pela saúde mental de todos nós, ManifestaMente, Ana Mina Este artigo foi inspirado nos conteúdos da Mind, uma associação do reino unido de que gostamos muito, que tem muita informação sobre saúde mental, nomeadamente as particularidades da época de festas na nossa saúde mental, como lidar com elas e apoiar outras pessoas. Comments are closed.
|
Categorias
Tudo
Histórico
Novembro 2024
|