Numa altura em que comemoramos um marco histórico que simboliza a nossa liberdade enquanto Povo, vivemos uma situação sem precedente e absolutamente impensável desde que o Estado de Direito Democrático que nos orgulhamos de ter, foi estruturado após a revolução de abril de 1974. Foi em verdadeiro exercício da nossa liberdade que estipulámos as regras de que agora nos socorremos para, em nome de outros valores que também como Povo considerámos importantes, nos privarmos do nosso direito à livre circulação, do nosso precioso direito a “ir e a vir” onde quisermos, como quisermos e com quem quisermos, que encontra expresso acolhimento no art. 27º da Constituição da República Portuguesa.
Perante a situação de calamidade pública provocada por uma pandemia que assolou o mundo, vimos o nosso Presidente da República fazer uso de um poder constitucionalmente estabelecido que bem gostaríamos que tivesse ficado, esse sim, confinado às paredes das faculdades onde se estudam as regras do estado de sítio e de emergência previstos no art. 19º da nossa Constituição. A atual pandemia absorve toda a nossa atenção e espaço mediático, o que acarreta o risco de negligenciarmos outras lutas que ainda não vencemos. Este artigo do Público convida-nos a olhar a saúde mental e para o estigma, muitas vezes associado à doença, para lá da pandemia.
Juntos pela saúde mental de todos nós, ManifestaMente Obrigada a todas as pessoas que preencheram e divulgaram o nosso questionário - estamos muitos contentes com a dimensão da resposta recebida e vocês foram essenciais para isso. Aqui estão os resultados preliminares:
A ‘nossa casa’ pode não ser um porto seguro para todos. Decretado o estado de emergência e aconselhado o isolamento em casa, as pessoas que são alvo de violência em casa estarão, assim, sob maior risco.
A violência doméstica é um crime público e denunciar é uma responsabilidade de todos nós. Não é só no hospital que se salvam vidas, qualquer um de nós pode estar a salvar uma vida ao ligar o 800 202 148. O programa ‘Kit Básico de Saúde Mental para as Autarquias’ financiado pela Direcção Geral da Saúde arrancou no dia 1 de Março de 2020 - não há vírus que nos pare! Assim, de contrato assinado, temos trabalhado afincamente nas primeiras etapas do projecto (com todos os cuidados de lavagem de mãos, tossir para o cotovelo e distância social).
Para já estamos deliciadas a trabalhar num vídeo que vai inaugurar a nossa plataforma do Youtube - não vamos divulgar mais pormenores porque queremos surpreender-vos. Além disso estamos também a desenvolver o programa e manual de capacitação que vai ser usado nas várias autarquias para que outras pessoas possam também facilitar o Kit Básico de Saúde Mental. Dada a situação actual, ainda não marcámos datas para as próximas edições do Kit Básico de Saúde Mental - mas deixem só o COVID-19 perder o folego e nós pegamos nas agendas! De qualquer forma o programa tem a duração de um ano, por isso temos muito tempo para cuidarmos juntos da saúde mental de todos nós. Até breve, ManifestaMente A saúde mental a ter o relevo que nos merece: criação de um projeto-piloto de saúde mental por administração regional de saúde, incluindo cada projeto-piloto uma equipa comunitária de saúde mental para a população adulta (ECSM-PA) e uma equipa comunitária de saúde mental para a infância e adolescência (ECSM-IA). O despacho do diário da república que criou esta valência no Serviço Nacional de Saúde está disponível aqui.
Juntos pela saúde mental de todos nós, ManifestaMente Como somos uma Inciativa Cidadã pela Saúde Mental, só faz sentido trabalharmos em conjunto com quem também se interessa por Saúde Mental!
Sempre tivemos várias pessoas a vir ter conosco e oferecer-se para ajudar, desde o tempo em que a ManifestaMente era apenas uma ideia - e foi assim que a equipa foi crescendo. E para grande tristeza nem sempre foi possível encontrar resposta para todas as ofertas de ajuda que recebemos - às vezes as pessoas ofereciam ajuda e nós nem sabíamos bem como as podíamos incluir. Mas temos tantas ideias que queremos pôr em prática, que sentimos mesmo muita falta de termos mais pessoas connosco para as concretizar. Assim sendo, juntámos cabeças para identificar coisas concretas em que precisamos de ajuda, valorizando os talentos de cada um. Curiosos? Portugal associou-se à campanha #IAmWithYou, que visa combater a depressão em jovens universitários. Os transtornos mentais afetam hoje 20% dos adolescentes e a campanha pretende chamar atenção para estes números e angariar fundos para o seu tratamento. Esta iniciativa louvável foi traduzida para "Estamos Juntos", mas também poderia ter sido para "Estou contigo", talvez as palavras que mais ajudam a alguém que enfrenta desafios de saúde mental numa fase tão vulnerável quanto a adolescência (mais sobre esta iniciativa no artigo da ONU).
(Nós também estamos) Juntos pela saúde mental de todos nós, ManifestaMente |
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