Miguel Xavier, médico psiquiatra e Diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS, anunciou a criação de um microsite dedicado a este tema, lembrou que a saúde mental não é meramente a ausência de doença mental e esclareceu que há várias situações que podem afetar a saúde mental da população em contexto de pandemia, nomeadamente o medo, a disrupção social e o confinamento. “Tudo isto junto faz com que a saúde mental dos portugueses possa sofrer. Não quer dizer que as pessoas, pelo facto de terem estes problemas, vão ter doença mental. Não é nada disso. Podem é ter problemas de natureza psicológica, que têm a ver com a ansiedade, com a preocupação em relação ao futuro”, esclareceu. As insónias e as alterações do apetite são sentimentos muito comuns que atravessam a sociedade.
A maior parte das pessoas, destacou, terá problemas “menores”, de “pequena intensidade”, embora haja “um conjunto de pessoas que vão ter problemas de maior intensidade”. É nos cuidados de saúde primários, adiantou Miguel Xavier, que a maioria das pessoas encontrará resposta para os seus problemas, sendo que apenas uma pequena parte precisará de recorrer a serviços de psiquiatria. Uma pirâmide de quatro andares Miguel Xavier descreveu os vários níveis de apoio à saúde mental em Portugal durante a pandemia: - 1º andar: Autocuidados. Todos temos de estar atentos a eles, porque são obrigatórios para todos. Passam pela forma como nos alimentamos, criamos e mantemos rotinas, e praticamos exercício físico. - 2º andar: Nível comunitário e familiar. Temos de ver as pessoas que nos são queridas. A comunicação com os nossos amigos e familiares pode ser mantida por meios digitais. Embora ter acesso a informação clara com alguma regularidade seja importante, estar sete ou oito horas mergulhado em taxas de mortalidade não vai ajudar à saúde mental. - 3º andar: Cuidados primários de saúde. É nos centros de saúde que se encontrará o primeiro grande nível de resposta para quem os dois primeiros níveis não foram suficientes. - 4º andar: Serviços de psiquiatria e saúde mental – um nível muito pequeno e muito bicudo que chegará a uma pequiníssima parte da população. Estes serviços estão reservados a quem tinha doença prévia e aos que vão ter doença no decurso do que está a acontecer. As outras pessoas passarão apenas por alguma ansiedade e depressividade. Miguel Xavier afirmou que o número de doenças mentais que surgem na sequência de catástrofes é 1,5% a 2%, que é muito baixo. O microsite agora disponível inclui informação para cuidadores e familiares de pessoas com problemas de saúde mental e informação sobre violência doméstica e prevenção do suicídio, bem como linhas de apoio e recursos listados por regiões. Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Débora Miranda * Informação atualizada aqui: Pandemia, a quanto obrigas? Comments are closed.
|
Categorias
Tudo
Histórico
Outubro 2024
|