Crescer com Saúde Mental

Crescer não acontece de forma de linear e estruturada. Não vimos com manuais instruções. Quando falamos de saúde mental em crianças e jovens abeiramo-nos de um tópico sensível e complexo. Pode ser difícil distinguir entre comportamentos desafiadores e emoções que são consistentes com fases específicas do desenvolvimento e aqueles que são motivo de preocupação. A que faz sentido estar atento? Como perceber se está algo a acontecer ou será apenas uma fase? Quando procurar ajuda?

Dum modo geral, se o comportamento de uma criança ou adolescente persistir por mais do que algumas semanas, gerar tensão e angústia, interferir com a dinâmica da família, com modo de estar na escola, em casa ou com amigos, pode ser importante procurar ajuda. Se o comportamento de uma criança ou adolescente é de risco, se fala em ferir-se a si próprio ou a outra pessoa, é importante procurar ajuda imediata.

Existem alguns sinais a que podemos estar atentos e que indicam que uma criança  ou adolescente pode beneficiar ajuda especializada para avaliar a situação, determinar se algum tratamento é necessário e qual a intervenção que poderá ser mais eficaz.

A que estar atento com crianças mais novas?

• Comportamentos de birra frequentes e/ou irritabilidade persistente;
• Falar frequentemente sobre medos e preocupações;
• Queixar-se de dores de estômago ou dores de cabeça frequentes sem causa médica conhecida;
• Estar constantemente irrequieta (excepto quando vê televisão ou joga videojogos);
• Dormir muito ou pouco, ter pesadelos frequentes, ou sonolência durante o dia;
• Não mostrar interesse em brincar com outras crianças ou ter dificuldade em fazer amigos;
• Demonstrar dificuldades com a escola ou baixar o rendimento académico;
• Repetir determinados comportamentos ou verificar muitas vezes as coisas com medo de que algo de mal possa acontecer.

 A que estar atento com crianças mais velhas e adolescentes?

• Perda de interesse em coisas de que gosta;
• Pouca energia e vitalidade;
• Dormir muito ou pouco, ou parecer sonolento durante o dia;
• Estar cada vez mais tempo isolado e evitar atividades sociais com amigos ou familiares
• Manifestar medo de ganhar peso, fazer dietas excessivas ou praticar demasiado exercício
• Ter comportamentos de auto-mutilação (isto é, ferem-se a si próprios, por exemplo, infligem a si próprios cortes ou queimaduras)
• Fumar, beber ou consumir outro tipo de drogas;
• Ter comportamentos de risco ou destrutivos sozinho ou com amigos;
• Ter pensamentos de suicídio;
• Ter períodos com picos de  energia e atividade muito elevados e dormir muito menos do que o habitual;
• Pensar que alguém está a tentar controlar sua mente ou que consegue ouvir coisas que outras pessoas não conseguem ouvir.

Por onde começar?

• Falar com o educador de infância, professor ou director de turma. A ideia é procurar perceber qual é o comportamento da criança ou do jovem na escola. Algo mudou?
• A escola pode oferecer algum tipo de apoio? Se sim, o que é preciso fazer para que tal aconteça?
• Falar com o médico de família ou pediatra. Descrever o comportamento, relatar o que observou e o lhe foi dito ao conversar com outros cuidadores ou educadores e pedir reencaminhamento para um profissional de saúde mental que tenha experiência e conhecimento especializado em crianças e adolescentes.

Ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade são problemas de saúde mental que ocorrem frequentemente durante a infância. Sabemos que 1 em cada 10 jovens experimentará um problema de saúde mental, em média, 3 alunos por sala de aula. É natural que em algum momento o teu filho ou os amigos dele tenham problemas de saúde mental. Sabemos que muitos problemas de saúde mental que em adultos procuramos resolver remontam à infância e à adolescência. E quando finalmente as pessoas procuram ajuda frequentemente manifestam o desejo de a ter recebido mais cedo. Quanto mais cedo intervirmos melhor o prognóstico.


Em resumo, há momentos em que é importante enquanto cuidadores intervir:

• Procurar ajuda imediata sempre que uma criança ou jovem tiver comportamentos de risco, falar em se ferir a si própria ou a outra pessoa.
• Procurar ajuda quando o comportamento ou as dificuldades emocionais de uma criança ou jovem durarem mais do que algumas semanas e estiverem a ter impacto na escola, em casa ou com amigos.

Só a ajuda especializada pode determinar se algum tratamento é necessário e qual a intervenção que poderá ser mais eficaz (mais informação sobre como ajudar as nossas crianças aqui).


Juntos pela Saúde Mental das nossas Crianças e Jovens,
A equipa do ManifestaMente