Mesmo que não soubéssemos nada sobre o que levou a esta decisão, o apelido Megxit leva-nos imediatamente a pensar que teria sido uma deliberação unilateral e que Harry ver-se-ia apenas no papel de um marido submisso. No entanto, o assédio moral começou assim que Meghan e Harry tornaram a sua relação pública e intensificaram-se no período do seu casamento e do nascimento do seu filho Archie. Apesar de, os tabloides encherem as bancas de letras gordas de tinta mas vazias de empatia há longas décadas, desta vez “era diferente”, como dizem Meghan e Harry: “Há uma diferença entre ser rude e ser racista”.
O pensamento aterrador de não querer viver Ora, não é difícil imaginar que tudo isto tenha tido repercussões na saúde mental de ambos. A certa altura, Meghan descreve um pensamento “claro, real e aterrador: o de já não querer estar viva”. E o que fez com ele? Primeiro, pediu ajuda à pessoa que lhe era mais querida: Harry. Este tentou ajudá-la mas tropeçou nos restantes membros da família real, que desvalorizaram o que Meghan estava a sentir e lhe disseram que todos já tinham passado por isso - e sobrevivido.Teriam passado? Com as mesmas nuances ligadas à cor e à nacionalidade de Meghan? E, se sim, isso faz com o que o seu sofrimento seja menor e não mereça ajuda profissional? Tão poderoso como este pensamento de Meghan foi o momento em que Harry, depois de Oprah lhe perguntar por que não teria insistido para que Meghan visse um médico, reconheceu ter “vergonha” de admitir perante o resto da família que a pessoa que amava precisava de ajuda de um profissional de saúde mental. O que nos ensina tudo isto?
O estigma ainda desempenha um papel muito importante no acesso aos cuidados de saúde mental. Aqui está o príncipe Harry a dizer-nos com toda a honestidade que sentiu vergonha em contar a outra pessoa que a sua mulher precisava de ajuda. Para mim, esta é a mensagem mais importante desta entrevista. Quantos de nós não sentem vergonha, não se escondem, não se afundam no que sentem, apenas para que os outros não o saibam? Está na altura de mudar este cenário. Para isso, precisamos de continuar esta conversa e amplificá-la: nas nossas redes sociais, nos nossos grupos de amigos e na nossa família. Sem conversarmos abertamente, a vergonha vai continuar a ganhar e a saúde mental a perder. Vamos mesmo deixar isso acontecer? Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Miriam Garrido Comments are closed.
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