Para muitos de nós, pode ser mais fácil praticar compaixão para com os outros. Quantas vezes perdoamos alguém quando nos falha? Quantas palavras de conforto dizemos a um amigo? Quantos pedidos de desculpas aceitamos?
Qual será o motivo para não adotarmos esta mesma postura connosco próprios? Seremos demasiado intransigentes? Há quem sinta algum receio em praticar esta autocompaixão pois poderá levar a tornarem-se hedonistas e complacentes. Será? Vamos perceber um pouco melhor este conceito! A autocompaixão, que tem as suas raízes no Budismo, foi abraçada pela comunidade científica, tendo Neff dividindo-a por três componentes: autobondade; senso de humanidade compartilhada; e mindfulness. Envolve, assim, colocar o autocriticismo de parte e olharmos para nós de forma gentil; reconhecer que errar é humano e todos nós o fazemos; e estarmos conscientes do nosso sofrimento no momento presente, reconhecendo-o, sem saltarmos logo para a procura ativa de soluções. Desenvolvermos a nossa autocompaixão é reconhecermos que estamos em constante desenvolvimento, que somos seres humanos com qualidades e defeitos, e que nos aceitamos tal e qual como somos (aceitar não é conformar). É aceitar que o sofrimento, bem como outros sentimentos e emoções, fazem parte da condição humana. Esta postura permite-nos também reduzir uma identificação excessiva, isto é, reduzir a nossa imersão no domínio subjetivo (reações emocionais que tendem a ser exageradas) e adotar uma postura objetiva (colocarmos as nossas experiências pessoais em perspetiva). Não é uma postura de vitimização (“a mim tudo de mal me acontece”), nem de crítica (“isto é o pior que já me aconteceu”). É uma postura justa e gentil (“tudo isto é muito difícil. Estou fragilizado”). Autocompaixão é uma competência que pode ser trabalhada com recurso a várias estratégias construtivas e hábitos saudáveis.
Ao praticares autocompaixão, irás desenvolver a tua inteligência emocional e aumentar a tua satisfação pessoal, bem como irás notar uma redução da crítica, do perfeccionismo, da ansiedade e dos pensamentos de ruminação. Passarás a estar confortável em seres quem és, com as tuas qualidades e defeitos, e este é o ponto de partida para a mudança e desenvolvimento pessoal. Ver também: - Resposta de alarme e respiração para relaxar - Mindfulness - Uma prática para enfrentar o stress diário Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Ana Rita Vieira Referencias: -Allen, A., & Leary, M. (2010). Self-compassion, stress, and coping. Social and Personality Psychology compass, 4(2), 107-118. -Neff, K. (2004). Self-compassion and psychological well-being. Constructivism in the human sciences, 9(2), 27-37. -Neff, K., & Germer, C. (2019). Manual de mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Artmed Editora. Os comentários estão fechados.
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