Porque, dirão alguns, a emoção deve entrar nessa equação. Então o que desencadeia o quê: a emoção desencadeia o pensamento ou o pensamento desencadeia a emoção?
E a perceção? Qual o seu peso? O mesmo evento tem efeitos diferentes na perceção de dois indivíduos. O que é de uma maneira para um pode ser completamente diferente para outro. Isso significa que a emoção que daí resulta seja, também, diferente. Seremos, então, aquilo que percecionamos? Na verdade, somos o resultado deste cozinhado: como percecionamos, as emoções que daí resultam, os pensamentos que confirmam estas impressões. Mas ser não é um processo estático. Podemos ser e deixar de ser; podemos não ser e passar a ser. Quando não estamos congruentes com este fenómeno, ou seja, quando aquilo que somos e o que gostaríamos de ser não estão em sintonia, entramos num processo de conflito interno. É aqui que a psicoterapia tem o seu papel. Sendo um processo individualizado, adaptado às necessidades e circunstâncias únicas de cada indivíduo, ou seja, às queixas que cada indivíduo traz, tem, também, alguns pontos que são comuns a todos. Então, o que acontece num processo terapêutico? Inicialmente é efetuada uma avaliação conjunta dos motivos que levaram o indivíduo a procurar este apoio. Esta avaliação permite estabelecer, também em conjunto, metas claras e alcançáveis para todo o processo. Tendo um objetivo definido, podem, o terapeuta e o cliente, avaliar em conjunto o progresso feito, o que está a funcionar e o que necessita de ajustamentos. São muitas as técnicas passíveis de serem utilizadas num processo psicoterapêutico. A Terapia Cognitiva Comportamental, Psicodinâmica, Terapias Breves, Psicanálise, Hipnoterapia, terapias centradas no comportamento, terapias centradas no sujeito, entre muitas outras. Nem todas se adequam àquele indivíduo em específico, nem todas se adequam aquela perturbação em específico. Cabe ao terapeuta realizar uma avaliação da técnica que pode utilizar, cabe ao cliente ir fornecendo o feedback dos resultados. Assim, em conjunto, vão adaptando as técnicas que são mais eficazes para o processo. Isto significa que a confiança é essencial na relação entre psicoterapeuta/cliente. Confiança de que ambos estão envolvidos inteiramente no processo. O ambiente deve ser seguro para que o cliente se possa exprimir livremente, sem o receio de julgamentos e, de igual modo, deve existir honestidade por parte do cliente, para que o terapeuta esteja munido de toda a informação necessária ao alinhamento da terapia. Com todos estes ingredientes, procura-se um crescimento pessoal, bem-estar emocional, competências para enfrentar os obstáculos que até então pareciam difíceis de transpor. Como? Explorando pensamentos, emoções, comportamentos, padrões recorrentes, experiências do passado que sejam relevantes para a situação atual. Podemos definir este processo como um autoconhecimento do cliente que permite lidar melhor com os desafios do dia a dia. Alcançados os objetivos traçados no início da terapia, pode dar-se por encerrado o processo, mas não sem antes refletir, em conjunto, sobre o progresso alcançado e as estratégias que devem ser continuadas para a manutenção dos ganhos obtidos. Contudo, o cliente pode optar pela continuidade da terapia, como parte de transformação e crescimento pessoal. Em jeito de conclusão, num processo de psicoterapia, acontece a descoberta de si através de uma dança em que terapeuta e cliente vão, passo a passo, recuperar e consolidar ferramentas existentes, mas camufladas pelas experiências menos boas da vida. Ver também: - Diferentes tipos de psicoterapia: como escolher? - Tenho uma consulta de psiquiatria, e agora? Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Ana Paula Valente Referências: -A Entrevista Psicológica (Isabel Leal - Edit.Fim de Século) -A Prática Profissional da Psicoterapia (diversos autores - Edição Ordem dos Psicólogos) Comments are closed.
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