Escutar ativamente remete para uma ação. Enquanto o nosso emissor fala, a nossa ação é a de processar a mensagem, bem como a de mostrar à pessoa que estamos a escutar o que ela está a dizer. Mas existem algumas armadilhas a que devemos estar atentos.
Desviar a atenção para nós mesmos e contaminarmos a conversa com a nossa experiência, a nossa perspetiva sobre o problema ou até conselhos sobre o que a pessoa deve fazer é uma armadilha comum. Na escuta ativa não falamos das nossas próprias experiências. Pelo menos, não no imediato, e apenas se o objetivo for o de mostrar empatia, devendo esta partilha ser curta e assertiva. Assim que a outra pessoa terminar, faça uma pausa, para ter a certeza de que ela concluiu e só depois partilhe. As nossas partilhas não podem atropelar o discurso de quem estamos a ouvir. Algumas perguntas são bem-vindas- perguntas que permitam esclarecer e compreender melhor o que está a ser dito. Neste processo de escutar, é necessário garantir que a informação está a ser bem recebida. Podemos usar o parafraseamento, repetir parte do que a pessoa disse e, como consequência positiva, veremos a outra pessoa a expandir o que acabou de dizer, por se sentir acolhida e respeitada. Num mundo cheio de estímulos, a distração com coisas do ambiente tornou-se a segunda grande armadilha para a escuta ativa. Começamos logo pelo telemóvel, sempre connosco, sempre presente. Evite ter o visor do telefone visível, ou será muito difícil não olhar para ele. A escuta ativa treina-se! Ao treinar a escuta ativa, verá melhorias marcantes na sua capacidade de comunicar e construir um relacionamento com os outros. A escuta ativa é frequentemente útil em vários contextos e deve ser incluída em qualquer kit de saúde mental. São variadas as profissões onde esta tem sido enfatizada como ferramenta de trabalho: enfermagem, educação, medicina, trabalho social. Sendo mais fácil reconhecer a sua importância em profissões ligadas à ajuda ao outro, ela também vê as suas mais valias em profissões de venda e, de uma forma geral, em todas as equipas. O trabalho em equipa é vital e a comunicação é a ferramenta para um funcionamento em unidade. Líderes que utilizam a escuta ativa, alcançam várias perspetivas sobre os objetivos e tarefas, o que resulta em unidades mais coesas, maior prontidão e mais resultados bem-sucedidos. Em 2020, Laura Lemon demonstrou que sem escuta ativa não há diálogo e sem diálogo não há compromisso nas relações profissionais. Este é um dos primeiros estudos a mostrar claramente (e não apenas a mencionar) a conexão entre escuta ativa, diálogo e profissionais comprometidos. A escuta ativa permite o envolvimento emocional e a compreensão. É uma promessa para transgressão de divisões políticas, sociais e económicas, permitindo que todas as vozes sejam ouvidas. E saúde mental é sobre isto, ouvirem e ouvirmos a nossa voz, lidando com as nossas dificuldades e as das pessoas que nos rodeiam. Ver também: Empatia e Escuta Ativa Como ajudar uma pessoa próxima Como ajudar quem não quer ser ajudado? Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós ManifestaMente, Rita Ferreira Comments are closed.
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Outubro 2024
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