Chega o mês de Maio e no ar, além dos alergénios primaveris, da instabilidade meteorológica e de dias maiores, começamos a sentir o burburinho em torno da celebração do dia da Mãe, em que se espera que as mães se sintam felizes e apreciadas. No entanto, para alguns de nós, e pelas mais diversas razões, este dia pode ser desafiador. Certamente porque todos somos filhos e todos temos diferentes experiências na relação com as nossas mães, mas também o pode ser enquanto mães. Escreve-vos uma mãe, dedicada e realizada enquanto tal, mas que, exatamente por sê-lo, sabe que a maternidade está longe do ideário partilhado e muitas vezes reforçado por crenças sociais e religiosas sobre a natureza e o papel das mães. Também, porque muitas vezes somos filhas de mães sempre presentes e muito hábeis na arte de dissimular a exaustão, o cansaço, a ansiedade ou a frustração que poderão por vezes ter sentido, atravessamos a vida adulta até ao primeiro filho a pensar que tudo será instintivo, natural, fluido e sem percalços. Assim, chegamos à maternidade a acreditar que, munidas de um amor imenso e instantâneo, de um espírito de sacrifício mais do que recompensado pelas alegrias da maternidade e de uma força sobrenatural que não se queixa e que se coloca em segundo plano sem hesitações, apesar da privação de sono, oscilações hormonais, mudanças nas dinâmicas familiares, pressões, julgamentos e, muitas vezes, o isolamento, a nossa experiência será sempre positiva e que nos sentiremos sempre à altura. Daí que, até há pouco tempo, a definição de uma boa mãe estava longe de incluir todos os desafios mencionados, definição esta que tampouco continha a noção de diversidade, ou seja, que não somos todas iguais, nem o são as nossas circunstâncias e as nossas experiências no papel de mães. Uma vez que, como é reconhecido pela OMS(2), a saúde mental da mãe tem efeito no desenvolvimento e crescimento saudável dos seus filhos, gostaríamos que a definição de uma boa mãe refletisse expectativas mais realistas e que incluísse a necessidade de esta não negligenciar a sua saúde mental. Uma sugestão para uma definição atualizada de uma boa mãe assentaria, assim, em três ideias:
A beleza da maternidade está na sua diversidade e, assim, aproveitemos este mês para celebrar as mães que JÁ SOMOS. Celebremos as nossas conquistas, todas, grandes e pequenas, celebremos a resiliência que já tantas vezes foi colocada à prova e que saiu reforçada em cada desafio ultrapassado, cuidemo-nos e acreditemos (é difícil, eu sei!) que já somos boas o suficiente. Assim como a primavera traz muitos dias iluminados e brilhantes entre dias cinzentos e chuvosos, a maternidade também nos trará muitos dias felizes. Nos outros estaremos protegidas pelas certezas de:
Juntos pela Saúde Mental de Todos Nós, ManifestaMente, Raquel Monteiro Psicóloga, Co-Fundadora e Presidente da Assembleia Geral da ManifestaMente Informação sobre como ajudar os nosso pais está disponível aqui, e sobre como ajudar os nossos filhos aqui. Fontes: (1) World Maternal Mental Health Day (2) - Organização Mundial da Saúde Comments are closed.
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